Mais uma conta será colocada nas costas dos trabalhadores brasileiros. Pelas declarações do vice-governador Orlando Pessuti, o dinheiro para os estádios a serem reformados virá de fontes oficiais. Pode ser do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Nos dois casos, dinheiro público e com fins sociais para movimentar o processo econômico com repercussão social. Por exemplo, financiar a instalação de uma indústria para gerar empregos, receita tributária e crescimento econômico (BNDES) ou implantação de projetos sociais para melhorar o padrão de vida da população (PAC).

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Não acredito que um estádio de futebol, em qualquer lugar do Brasil, cumpra as finalidades das diretrizes governamentais. Todos sabemos que, ao promover os Jogos Panamericanos, no Rio, um dos argumentos usados pelos poderes públicos foi que tudo iria melhorar na Cidade Maravilhosa. A realidade foi e é outra. A Prefeitura do Rio investiu pesado em uma área específica da cidade para atender o Pan e esqueceu do resto. O Rio ficou sujo, a violência aumentou e o prefeito César Maia levou uma surra na eleição que indicou o seu sucessor.

Se o Pan fosse importante para o Rio, o prefeito – de quem sou admirador desde o tempo em que participamos da Assembléia Nacional Constituinte – teria vencido com folga a última eleição municipal. O povo do Rio pensou diferente e derrotou de forma massacrante a candidatura apoiada pelo César.

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E o que sobrou do Pan? Os fortes esquemas de segurança foram mantidos para dar proteção ao sofrido povo carioca? Resposta de uma obviedade repugnante. Claro que não. As instalações construídas para o grande evento estão esquecidas. O Estádio Olímpico João Havelange, de bela arquitetura, foi empurrado ao Botafogo. A seleção brasileira jogou lá pelas eliminatórias da Copa do Mundo e o público foi um fracasso. Pelo Campeonato Brasileiro, o Botafogo "dono" do estádio não conseguiu jogar com o Flamengo porque o local foi vetado pela CBF alegando problemas de segurança.

Como no Pan do Rio, a Copa do Mundo servirá para atender ao populismo irresponsável de quem usa o dinheiro público para promoção pessoal, no que, a bem da verdade, o presidente da República é especialista.

O povo que não tem saúde pública de qualidade, educação para se afastar do analfabetismo, segurança pública eficiente, sistema prisional que realmente ressocialize os criminosos, estradas seguras, serve – somente – como massa de manobra dos interesses dos poderosos que administram o dinheiro sugado dos bolsos do povo como melhor entendem para saciar o narcisismo de governantes sem perfil de estadista.

Por isso, reprovo as declarações do estimado Pessuti que um dia me procurou para ajudar a Casa do Estudante Universitário. Foi atendido e assim, nós dois e o prefeito Saul Raiz, viabilizamos o sonho de estudantes pobres do interior de fazer o curso universitário em Curitiba. Dinheiro público é para isso e não para encher os bolsos de espertalhões desonestos.