Senhor do destino

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A Copa da África do Sul, a ser iniciada amanhã, exerce uma contagiante função social. O país de maioria negra e pobre foi vítima de cruel segregação racial. Um ativista político, hoje com mais de 90 anos, foi condenado à prisão perpétua em 1962. Passou quase três décadas trancafiado em um cubículo, o lugar certo para assassinos, sequestradores, traficantes e assaltantes do dinheiro público. A minúscula cela foi ocupada por um pacifista, que não trocou suas ideias por uma liberdade nada compatível com as suas convicções.

Como é bonita a história de Nelson Mandela, não por acaso, Prêmio Nobel da Paz. Libertado, depois de gigantesca pressão política e diplomática de grandiosa maioria do universo humano, saiu da cadeia para ser o unificador do povo africano.

"Sou senhor do meu destino" disse e relembra o filme Invictus, uma das obras primas da indústria cinematográfica ao retratar com especial lisura – tendo como intérprete o extraordinário Morgan Freeman – um episódio fantástico da história contemporânea. Mandela é o senhor de um destino fascinante, unir negros e brancos de um país conflituoso.

Escolhido presidente da África do Sul não se tornou re­­­­fém dos raivosos que estavam atrás de vingança. Foi o condutor da pacificação, não segregando ninguém e ao contrário do que outros fariam, estendeu suas mãos para os opressores que o encaixotaram na cadeia. Esta história de natureza social e política se completa agora com a Copa do Mundo de futebol, no país em que o esporte mais popular é outro.

Claro que a Fifa não escolheu a África do Sul por razões sociais e humanitárias. A Fifa quer, sim, os votos dos países africanos para a reeleição do Sr. Blatter. Se o estimado leitor é um ser preocupado com a paz entre os homens, procure aprofundar seus conhecimentos sobre a África do Sul e também vai entender a luta de Martin Luther King e porque os americanos elegeram o negro Obama seu presidente.

"Sou senhor do meu destino", falou Mandela, mudando a convivência entre negros e brancos. Bendito Mandela, um grande homem, merecedor de uma Copa da Paz para a eternidade.