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Os treinadores de futebol são – erradamente – considerados salvadores ou os que sepultam esperanças e certezas dos clubes. Esta­­mos diante de um caso concreto e de repercussão nacional. Por muitos anos Luxemburgo foi considerado o melhor do Brasil. Cam­­peão várias vezes, faturou muito dinheiro, acumulou fama e não dominou as vaidades pessoais.

Acabou se consagrando como um profissional arrogante, o maior do mundo, como deve ter pensado. Fracassou na seleção, saiu derrotado e até motivo de gozação do Real Madrid, voltou ao Brasil e agora está no Atlético-MG, comendo o pão que o diabo amassou. É o exemplo clássico do futebol brasileiro para romper com a idolatria que alguns jornalistas nutrem por profissionais da área técnica. Gosto de dizer que téc­­nico de futebol não é milagreiro. Não transforma um time de jogadores sem qualidade.

Dunga cometeu erros na seleção, claro. Mas ninguém pode deixar de reconhecer que provou muitos méritos, a começar por dar disciplina ao trabalho do time da CBF. Seu pecado mortal foi a teimosia. A teimosia é inimiga dos sensatos. Uma questão de deformação de personalidade.

No Brasil é muito comum a guilhotina funcionar para cortar su­­mariamente a cabeça dos co­­man­­dantes dos times malsucedidos. É tão simples. Tudo funciona de forma unilateral. O clube é quem manda, sem se importar se paga ou não a rescisão contratual. Para os dirigentes é apenas um detalhe.

Celso Roth é campeão da Liber­­ta­­dores e a torcida já manifesta suas contrariedades com a retomada do Brasileiro sem as vitórias.

Carpegiani, dizem os atleticanos, já poderia ter sido demitido. Com tranquilidade, o Atlético man­­­­­­teve o técnico. Nem tempo de ser julgado com seriedade e, principalmente, sem fanatismo o gaúcho, que às vezes inventa novidades no Rubro-Negro, ainda teve. Ney Franco, depois de perder a liderança da Série B, viverá seu inferno.

Muita gente esquece que o técnico não joga, não engole frangos, não faz e não perde gols. Além de precisar de discernimento para escalar e mudar uma equipe, é um pouco de apostador de loteria. Também precisa de sorte. A situação de Marcelo Oliveira no Paraná é uma quase exceção. Levou o clube à liderança, com jeito mineiro contornou greves por falta de pagamento, é conciliador e jamais perdeu a confiança no seu trabalho. A diretoria foi correta ao não atribuir a Marcelo os maus resultados.

Esta é a vida atribulada dos treinadores. Luxemburgo não deixou de ser um bom treinador, apesar do péssimo desempenho do Atlético Mineiro. Carpegiani, Ney e Marcelo não perderam suas virtudes e Dunga ainda terá outra oportunidade.

A ciranda dos técnicos ajuda a distrair a atenção dos torcedores e absolve os equívocos dos dirigentes, estes, culpados de nada, é o que pensam.

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