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Cento e vinte minutos de bola em movimento – tempo regulamentar mais prorrogação – quatro penalidades cobradas e nenhuma convertida em gol. Três bolas foram pela linha de fundo e uma foi defendida pelo goleiro paraguaio. É muita incompetência. Despreparo além da conta. Total ausência de compromisso com a vitória. Jogadores sem vontade e maturidade para servir com êxito a Seleção Brasileira. Um treinador cheio de insegurança, longe de estar pronto para conduzir o futebol que já foi o melhor do mundo e que agora não passa de uma caricatura das grandes equipes que montamos com Vicente Feola, Zagalo, Luiz Felipe Scolari, Parreira e o inesquecível Telê Santana.

Argumentar que jogamos mais com a bola que o Paraguai, criamos oportunidades de gol e não marcamos por falta de sorte, não adianta. Não tivemos competência. Faltou gana para os brasileiros, vontade insaciável de vencer, amor à profissão e desprezo ao trabalho que transformou modestos humanos em donos de grandes fortunas. Estou indignado com tanta indiferença. Essa turma de Ricardo Teixeira só pensa em acumular dinheiro fácil. Está aí o retrato do que acontece com a promoção da Copa do Mundo. A turma do presidente da CBF não está pensando em engrandecer o Brasil, dar ao país projeção internacional pela organização pelo zelo da aplicação do dinheiro público e pelo patriotismo acompanhado de civismo. Nada disso está acontecendo. A pauta da Copa está centrada no lucro financeiro e na pirotecnia encenada pelos ladrões da esperança do inocente povo brasileiro. O futebol, que já foi a expressão maior de divulgação do país, está se transformando muito rapidamente na indústria da indecência. Muda­­mos o conceito. No lugar da arte, a safadeza. Em vez de vitórias no campo de jogo, a exaltação da corrupção, do enriquecimento ilícito e do desserviço.

Fico mais indignado com o aval explícito que o poder público oferece aos malandros que destruíram o futebol brasileiro, surrupiando dos nossos compatriotas a magistral alegria concedida aos humildes, que, sem dinheiro para aproveitar a vida com o que de mais atraente ela oferece, sempre se contentou com o escancarar de um sorriso largo injetando felicidade para dentro do coração e da cabeça dos pobres e sofridos, desvalidos e abandonados.

Não podemos trilhar o caminho da omissão e fechar os olhos por medo, conformismo ou qualquer outro sentimento que sufoque a voz e as explosões emocionais de brasileiros assaltados todos os dias por tantos atos de imoralidade. O futebol – ao menos o futebol – não pode e não deve dar as costas ao nosso povo.

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