Coritiba e Botafogo, hoje, às 17 horas, é praquela turma que diz que campeonato por pontos corridos não tem graça. Há muito mais coisa em jogo no Couto Pereira, para ser definida em somente 90 minutos, do que em qualquer disputa em mata-mata.
O destino do Coxa na Primeira Divisão. O de Tcheco como treinador. Os últimos capítulos de Alex ao Alto da Glória. A reeleição de Vilson Ribeiro de Andrade. O futuro de uma criança.
Do lado de lá, vale a classificação do Alvinegro à Libertadores. A permanência de Seedorf. Uma vitória em homenagem ao maior lateral-esquerdo de todos os tempos, Nilton Santos, falecido na quarta-feira, símbolo do clube. O futuro de uma criança.
Há 25 anos a situação não era tão dramática assim. Os dois tinham encontro marcado, também no Couto Pereira, pela Copa União, aquela disputa Frankenstein surgida da cisão entre o Clube dos 13 e a CBF. E ambos cumpriam campanhas regulares, eram embriões dos bons times de 1989.
O Coxa era treinado por Valdir Espinosa, o Fogão por Jair Pereira, dois técnicos clássicos da época. Rafael ainda vestia a 1 alviverde, Tostão sempre honrando o apelido, Carlos Alberto Dias e o seu futebol "enjoado" e, no ataque, o japonês Kazu e Chicão.
Em 1988 um nipônico jogar bem futebol era tão improvável quanto um alemão esmerilhar no samba. Kazu era a exceção que validava a regra. E Chicão era da melhor estirpe dos centroavantes, aqueles que, aparentemente, não levam muito jeito para o esporte. Uma dupla improvável.
O Alvinegro dispunha de Mauro Galvão, Wilson Gottardo, Renato Martins e Mazolinha, aquela turma que conhecemos em Caio Martins. Sem contar o meia Paulinho Criciúma, de futebol refinado, dono de uma moda capilar e facial "diferenciada", parecia um personagem da trilogia O Senhor dos Anéis.
Ao término do duelo, vitória do Coxa ao naturale. Com somente 8 minutos, Ditinho partiu pela direita e cruzou, a bola passou por todo mundo, menos por Chicão: 1 a 0. E já aos 45, "penalte" em Kazu. Chicão soltou a chamada "bimba" e mexeu no placar lá no alto do terceiro anel dos fundos.
A etapa final foi bem menos movimentada. O que é bom também, para quem quer ir pegar um refrigerante, ir ao banheiro ou, antigamente, enxaguar o "gorgumilo" com cerveja. Até que, já aos 38, mais emoção.
Lançamento milimétrico de Tostão para Carlos Alberto Dias este sim tinha futebol para merecer nome e sobrenome. O brasiliense com alma carioca invadiu a área pela esquerda, passou como quis pelo defensor e bateu cruzado: 3 a 0.
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