O Atletiba é pródigo em forjar deuses e diabos. Uma casquinha certeira e o cara ingressa no panteão da bola, nunca mais paga a conta no boteco, recebe sempre o primeiro pedaço do bolo. Por outro lado, uma saída esdrúxula da meta e a fera cai em desgraça, tem de abdicar do convívio social, passa a comprar pão na primeira fornada.
Mas nem sempre o principal clássico do Paraná é esse teatro maravilhoso. Há também pegas absolutamente esquecíveis, em que nada ou quase nada aconteceu. Aqueles em que o comparecimento serviu apenas para escapar da louça domingueira. Caso do confronto de 14 de março de 1978.
Alviverdes e Rubro-Negros duelavam pela Taça Cidade de Curitiba, certame criado em 1974 e disputado anualmente até a temporada em questão. Uma espécie de abertura dos trabalhos para os conjuntos da capital paranaense.
O duelo aconteceu em uma terça-feira à noite, agendamento que certamente colaborou para relegar a partida ao elo perdido da bola. No Couto Pereira, apenas 6.063 torcedores testemunharam o cotejo insólito.
Contingente que assistiu ao Coritiba do técnico Chiquinho formado pelo arqueiro Altevir; Reginaldo, Duílio, Deodoro e Cláudio; Almir, Norival e Isidoro; Neco depois Wilton, Samuca e Liminha depois Odilon. Como se vê, talvez não tenha sido o melhor Alviverde de todos os tempos.
O Atlético, por sua vez, era comandado pelo não muito famoso (para mim, pelo menos) Joel de Castro Flores. E subiu o túnel de número 2 com o goleiro Cícero; Juarez depois Nei Dias, Gilberto, Belga e Ademar; Rotta, Luís Dário depois Cabral e Aladim; Catinha, Bira Lopes depois Zé Carlos e Paulo Roberto depois Paúra. Não era um Rubro-Negro célebre.
Relembradas as escalações, o leitor mais atento já sacou o único tchans desse Atletiba que não entrou para a história: dois ídolos vira-casaca. Defendendo o conjunto da Baixada, o atacante multicampeão coxa-branca Aladim. Integrando o escrete do Alto da Glória, Altevir, o camisa 1 atleticano recordista de partidas sem tomar gols em Paranaenses.
Do jogo jogado, pouco a ser lembrado. Vitória do Coritiba de virada, com gols de Samuca e Norival. Para o Atlético, Bira Lopes marcou.
* * *O que acontecia na época...
Em 1978 a disco music comandava as paradas de sucesso, no embalo de Saturday Night Fever (Os embalos de sábado à noite, na tradução), o clássico cinematográfico do gênero. Os barbados dos Bee-Gees eram os tais e todo mundo queria ser John Travolta e saracotear nas discotecas. Felizmente, o período marcava também a consolidação do punk rock, gênero que explodiu no ano anterior, contraveneno perfeito para a borboleteação da febre disco.
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