A falta de jeito, o medo, a incompetência do Ronaldinho "fenômeno" nas bolas altas, nas raríssimas cabeçadas que dá, deu, dará, é indigna do seu altíssimo nível.

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Guardadas as proporções, as diferenças, a "gauchérie" do Fenômeno equivale ao cômico sem jeito do Shaquille O’Neal nos lances livres na NBA, a liga profissional de basquete dos EUA.

Típico da sua penosa relação cabeça-bola foi o gol que perdeu no primeiro tempo do amistoso com a Nova Zelândia, depois da irresistível combinação do passe em profundidade (Kaká) com o cruzamento do Cafu.

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– Ao invés de testar a bola, o que fez? Deu indecorosa chifrada na pobrezinha, arremeteu contra ela como miúra diante da capa vermelha. Pode, Clóvis? Não é com o cocuruto que se cabeceia, não naquela circunstância, é com a testa. E com os olhos abertos, não é mesmo Negão? Tempo.

Se fosse o Ronaldinho mandaria telegrama* pro Pelé: "Aqui del rey**vg me ensine cabecear pt" E faria clínica com o Rei, cavalheiro de apenas 120 golos de cabeça... Bestial, não?

Sobre o medo de cabecear do Ronaldo. Elementar, Watson: ele mete o cocuruto na bola; o cocuruto é sensibilíssimo; logo, dói. Ora, como não é do time masô, foge da cabeçada como cachorro mordido de cobra foge de lingüiça.

Agora, se enfiasse a testa na bola, ok, pois a testa é antes de tudo um forte! Inodoro, incolor, insosso e, melhor de tudo, INDOLOR! Faça um teste; não tenha medo, vá por mim: joguei bola na adolescência, chifrei e testei bolas – a diferença é brutal.

Incidentalmente. Preste atenção: se os europeus nos enfrentarem com a linha burra de dois, três, quatro ou um bilhão de beques, aposto dez contra um que o Fenômeno será o artilheiro do torneio.

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Claro, italianos e argentinos, que sabem das coisas, que nos conhecem, que temem o cheiro da brilhantina, que não são bobos, que não nasceram ontem, se cruzarem com a gente não virão de colher, pois o prato será carne de pescoço.

Pra encerrar. Lembra os versos do Bandeira – que reproduzo de memória: a casa limpa, a mesa posta, tudo no seu lugar? Assim está a seleção, "a pátria de chuteiras": preparada, escalada, pronta. Seja o que Deus quiser.

P.S.: e os coxas, hein? Ando sem sorte com Bonamigo. Na minha opinião, ainda substituiu os homens certos pelos errados, e vice-versa: Fábio Pinto pelo Renan. Que deveria substituir o L. Santos. (A equipe não pode jogar com a indisposição como jogou o primeiro tempo: a bocejar.)

Nota

* Ai de mim, sou do tempo do telegrama.

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** Socorro em bom Português, legítimo, escocês, doze anos.