Ao Petráglia. Mário, peça para alguém ir à livraria mais próxima comprar "Júlio César", de Shakespeare. Há tradução do Carlos Lacerda, contestada por más razões ideológicas antes que de língua, estilo, fidelidade. E outras traduções.

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Procure as partes próximas do imortal discurso de Marco Antônio nos funerais de César, discurso de superior ironia ("... e Brutus é um homem honrado"). Por ali pinta o comentário sobre o comportamento da massa, das massas, comparado ao das cadelas* (o que me parece bastante injusto às cadelas, assim como o "homem lobo do homem" do Hobbes me parece imensamente injusto ... com os lobos).

Creio que a leitura desse trecho o vacinará contra urros&sussurros das mimadas massas que querem tudo já, agora, ontem, antes de ontem, sempre. Como se tivessem direito duramente conquistado.

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– "Queremos time!" "Queremos craques!" "Estamos cansados!" "Não queremos sofrer mais!" Berram os beberrões, os bebezões, berram os netos tardios do dr. Spock, berram as massas seduzidas pela demagogia analfabeta, ignorante, inconseqüente! Sem dever, sem deveres. Livres e irresponsáveis! Oh! Tempos! Oh! Costumes! Ou em bom português, argh.

Tertium

Nem Evair nem Marco Aurélio; capitão Hidalgo na cabeça. Ou melhor – e é bom a gente se acostumar – José Hidalgo Neto na cabeça.

Hidalgo, fidalgo. Por mim, ele ficaria apenas ao lado do Giovani. Sabe pra quê? Para impedi-lo de fazer bobagem na hora de contratar-dispensar jogadores, apenas 9/10 do segredo do sucesso de todas as equipes do presente, do passado e certamente do futuro.

Hidalgo jogou, jogou bem, jogou na época áurea do Coritiba e do futebol brasileiro (60-70). Jogou com craques, contra craques, viu a nata, viu a nata da nata, era o interlocutor do mestre Tim, viajou, rodou bolsinha pela Oropa, França, Bahia, virou comentarista, acompanhou tudo de perto, ao vivo, de corpo presente, viu a uva, viu o Ivo, viu todas as Copas de clubes, de seleções, regionais, internacionais. Tem de minuto de silêncio o que você não tem de idade, cara pálida. Não aprendeu nada nesses anos todos?

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Nota

* Quem disse que futebol profissional é refratário à cultura? Fiz o dever de casa, à brasileira; telefonei à venerável Cultura Inglesa. E lá falei com mui amável professora, Carla. Que foi aos alfarrábios e voltou com a quentézima informação: a parte a que me refiro está no III ato. Obrigado, Carla; obrigado, Cultura Inglesa; obrigado, William, Billy pra nosotros, íntimos.