Na já longa história do futebol parece que apenas uma partida foi anulada por erro de arbitragem - pra mim, um excesso, precedente perigosíssimo, capaz de embananar infinitamente todos os torneios e campeonatos do mundo. Ou de estendê-los à náusea.

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Imagine se a moda pega; pelo menos 20% dos jogos de cada rodada da 1.ª divisão do brasileiro seriam anulados! São 38 rodadas, logo seriam anulados algo em torno de 76 jogos! Frouxo, frouxo. Amplie a besteira pro mundo, mundo, vasto mundo e veja o estrago que faria ou o bode que daria.

A rapaziada que fechou a questão em torno do pétreo princípio – as decisões do árbitro são irrecorríveis – era no mínimo sábia. Pois essa é uma sábia decisão pela razão exposta acima.

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Incidentalmente. No futebol, sou conservador, especialmente no tópico regras. Logo, não engrosso o coro (razoável) dos que clamam pela ajuda dos meios eletrônicos para decidir lances duvidosos, nevrálgicos.

- Por quê?! Em primeiro lugar, só o "futebol americano" se vale (frugalmente, diga-se de passagem) dos recursos eletrônicos como prova dos nove. E MAIS NENHUM OUTRO ESPORTE COLETIVO OU NÃO. O tênis, por exemplo, bate mesa – e olha que as reclamações o inundam. Os mesmo americanos não os adotam no beisebol, no basquete profissional, no hóquei.

Em segundo lugar, quem disse que os meios eletrônicos são oniscientes, tudo vêem? Lembra do penal do Júnior Baiano na Copa da França? Nenhuma das oito bilhões de câmeras "estrategicamente espalhadas"* sacou o lance! Flagrado por um amador com câmera de criança! Como diria o outro, quá-quá-quá.

Em terceiro lugar, que lances seriam reproduzidos, iriam pro tira-teima? Todos os duvidosos? Nessa hipótese, jogadores, árbitros, bandeiras, o respeitável público, teriam de descender do Fantasma ou do Capeto... Nenhum clássico, nenhuma pelada terminaria, terminará. Não no Brasil! Não nos países latinos! Não nos jogos entre latinos! O primeiro Brasil-Argentina ainda estaria no ar! Um século depois!

Em quarto lugar, tira-teima tira teima, é conclusivo? Veja o caso recentíssimo, saído do forno: Danilo fez falta dentro ou fora da área? A cada passada mudo de opinião: nos minutos pares voto dentro; nos ímpares, fora. Quem decidirá? Quem desempatará? Voto de Minerva? Tribunal de Haia? ONU? Vaticano? Computador? Deus?

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Em quinto lugar, como muito bem sacou o Nelson Rodrigues - "o vídeo tape é burro". Xeque mate, cavalheiros. Désolé.

Nota

* Entre aspas porque não uso a palavra nesse contexto exceto como paródia, deboche, arremedo.