Quatro golos, 15 chutes à meta, 13 escanteios, dez defesas do goleiro japonês, soberbas combinações de passe-drible-deslocamento-finta-arremate, domínio quase absoluto da bola (70% a 30%)! Você quer mais o quê?
Estamos todos de parabéns. O Parreira que não barrou o Fenômeno, você que urrou contra o Cafu e o Roberto Carlos, a tchiurma que pediu o Juninho, a rapaziada que exigiu o Robinho, eu, Carlos Alberto Pessôa, que lutei contra o quadrado, a mãe dos Gracos que rezou pelo uniforme à Vaticano, amarelo-branco-branco, todos que sonhamos com o sonho, que imaginamos a beleza, que torcemos pelo melhor, que esperamos o melhor, todos estamos de parabéns.
Não encerrarei o rápido comentário sem elogiar o Fenômeno, a aula magistral de como se deve jogar na frente: parede&toque, aparece&toque, desloca&toque, fuga-drible-chute. Simples, fácil, funcional, bonito. Estou satisfeito.
Por recomendação da junta médica-psiquiátrica que me ampara na largada da senilidade, não leio, não vejo, não ouço entrevistas de treinadores e jogadores de futebol. Não apenas por eles, sobretudo pelos entrevistadores, pelas perguntas que fazem, pelo besteirol subjacente.
Ontem, no entanto, minha curiosidade despertou por uma confissão do Parreira: "Sou um solitário". Resolvi checar. Em diagonal, como gato sobre brasas.
Rapidamente encontrei o trecho; relaxei: xará se expressou mal: não é solitário, está. Na verdade, exagera "sua solidão" para dar a ela a dignidade ou o pathos do comandante diante de dramáticas escolhas, de dolorosas opções. Como diria o Lula, menas, Parreiras, menas.
Tudo se resume a: ficou com os calejados Cafu-R.Carlos-Zé Roberto, manteve o quadrado, que não é mágico, é "quadrado"; o respeitável público quer Cicinho-Zé Roberto nas laterais, Juninho no meio, Robinho na frente. No mínimo! É quase outra equipe! E Parreira se sente solitário, Robinson Crusoé sem radinho de pilhas na imagem do Nelson.
Esperto, rodado, lá pelas tantas virou o jogo, passou a fazer perguntas. Pobrezinhos dos coleguinhas, incapazes de expor seus sonhos, desejos, fantasias com simplicidade. Por exemplo, o que é jogar bonito? (Olê, olá, o Parreira botou pra quebrar.)
P.S.: Odeio hinos&foguetórios. Hinos são foguetórios, foguetórios, hinos. Também odeio carreatas, salvo no dia do querido São Cristóvão. Buzinaços, cornetadas? Canceríginos, abortivos, reabrem úlceras imemoriais, produzem derrame de bílis, levam a lancinantes TPMs (eu que o diga). Qual a voltagem das ilhas Galápagos? Se for 110 mudarei.
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