Por que o futebol é uma caixinha de surpresas ou caixinha de fósforos na imortal definição do imortal Vicente Mateus? Tenho palpites. Antes de expô-los me deterei um pouco sobre a caixinha de surpresas. Vamos lá?
Grupo de pesquisadores do laboratório nacional de Los Álamos, Novo México, EUA, teve a boa idéia de se debruçar sobre resultados de 300 mil partidas levadas ao ar no século XX, divididas entre hóquei, futebol americano, basquete, beisebol e futebol. Total?
Do alinhado quinteto, o menos previsível é o futebol. Ou o mais imprevisível é o futebol, conhecido nas boas casas do ramo como o velho, rude esporte bretão ontem, hoje e sempre, verdadeira caixinha de surpresas. Aleluia!
Atenção. Os pesquisadores computaram apenas os resultados dos campeonatos ingleses. Ou melhor, circunscreveram a área ao campeonato inglês. Parêntese.( )
Quando falamos de caixinha de surpresas nos referimos a zebra, certo? Pois os assim chamados clássicos são imprevisíveis quase que por definição.
Incidentalmente, não posso deixar de pôr a minha abelhuda colher onde não fui chamado na pretensa "falta de lógica" do joguinho. Que decorreria da sua imprevisibilidade.
Ora, existe a "lógica da situação". E é esta "lógica da situação" que nos ajuda a entender a zebra, as zebras. No dia tal, a tal hora, em tal lugar o bravo Combate Barreirinha derrubou o Santos de Pelé &Cia! E agora? Como entender isso? Como explicar isso?
Vamos aos alfarrábios, recorremos aos testemunhos oculares-auditivos, constatamos: o Combate Barreirinha jogou melhor, teve mais sorte, soube aproveitar as poucas oportunidades criadas ou recebidas, seu goleiro transformou-se num paredão, etc. É a "lógica da situação". Que explica a zebra, as zebras. Ou não? Voltemos à caixinha de surpresas.
Chutes & palpites
Então, cara pálida, por que o futebol é uma caixinha de surpresas, umas bastante agradáveis outras desagradáveis outras nem tanto?
Rapaz, não esqueça: o joguinho é jogado com os pés. E como disse o cavalheiro, aquele, "est un coup de dés (de dedos)". E "un coup de dés (de dedos) jamais nabolira le hasard". Em Português: é um lance de dados (de dedos). E um lance de dados (de dedos) jamais abolirá o azar. Sacou? (Os ( )são meus, CAP; os dedos idem.)
Jogando com os pés nunca ninguém tem o controle absoluto da bola, exceto o goleiro. Que não joga bola. Ou como ensinava o mestre, sábio, Russo, "no futebol a bola está sempre à vista, a prêmio, em disputa". Logo, mais "mobile"; logo, menos previsível. Come le donne.
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