Coisa alguma nasce clássico, torna-se. Clássico é tempo, qualidade, alta qualidade. Clássico é moda que não sai de moda. Clássico ultrapassa o moderno, aponta pro eterno.

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– Neste sentido há clássicos no futebol paranaense?

– Não, não há clássicos no futebol paranaense. Há um clássico, não mais que um clássico no futebol paranaense: é o Atletiba. O clássico paranaense por excelência. Os outros jogos, protagonizados por outros personagens e pela já citada dupla, são comuns, ordinários, no sentido de opostos a extraordinário, não no sentido de porcaria, sacou?

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O desenvolvimento do Paraná, sua crescente integração econômica-política-psicosocial a partir do primeiro governo Lupion*(1946-50) não foi suficiente ou capaz de criar único, escasso clássico estadual. Ao contrário! Sufocou e enterrou os clássicos provincianos, sem onda curta**, como Iraty-Olímpico, Operário-Guarany, Rio Branco-Seleto, Cap-Caf***, Cori-Caf. Que descansem em paz.

Batuquei essa longa introdução para reafirmar: o Paraná Clube**** não tem idade suficiente para protagonizar clássico, clássicos. E cada vez que leio, ouço, vejo algum profissional da crônica se referir aos Paraná Clube x Coritiba e Paraná Clube x Atlético como clássicos comento com os silenciosos botões: licença pouco poética; não há clássico por herança, fusão, criaçon e/ou plantaçon.

Notas

* Está mais do que na hora de reabilitá-lo, ressuscitá-lo.

** Curioso, os pés vermelhos não emplacaram sequer um clássico – como direi? – citadino! Em compensação, chegaram bastante perto de criar algo inexistente no Sul: um clássico entre cidades. Estou a me referir ao prematuramente falecido Londrina x Grêmio de Maringá.

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*** Caf, Clube Atlético Ferroviário ou Ferroviário pura e simplesmente, saudoso "boca-negra", campeão do centenário (1953), uma das fontes do Paraná Clube. Pelo menos nas décadas de 50-60, o grande adversário do Coritiba. A fusão com Palestra-Britânia, que gerou o Colorado, conseguiu a não pequena façanha de diminuir o número de torcedores, além de deprimi-los. Efeito perverso não previsto por ninguém, inclusive pelo locutor que vos fala – então adepto incondicional da fusão.

**** Por que não conseguimos dizer ou escrever simplesmente Paraná? Por que acrescentamos inevitavelmente a palavra clube à palavra Paraná? Não, não é fenômeno restrito aos adversários, aos não torcedores: todos, do presidente ao ponta esquerda, a passar pelo Flávio, todos se referem ao Paraná Clube como Paraná Clube. Não há exceção conhecida. Por que será?