A alegre rapaziada da imprensa "escrita" (com aspas, rapaz, com aspas, pois há outra imprensa?), falada (oh! não! imprensa falada?! nem no Portugal da piada...) e televisada ou televisionada (que bicho é esse? tira esse bicho daí! ai mamã, que pasó, se quedó dormida y no apagó la vela?), a rapaziada da imprensa, rádio, tevê, ficou assanhadíssima quando o Matthäus anunciou que dará treinos também no dia dos jogos do Atlético.
É isso aí, Matthäus! Primeiro os seus. Em seguida a tropa virá atrás, no rastro, pelas pedras. O processo levará três meses para ser concluído. E nesse dia, então, dará na primeira edição, o Brasil treina antes dos jogos. Aleluia!
O locutor que vos fala não quer se gabar ou puxar o fogo pra sua sardinha, mas muito cá entre nós eu avisei, cantei essa bola sete no canto , escrevi que o Mateus teria um papel civilizador, algo parecido com a vinda da corte, com a vinda de D. João para o Brasil, para o Rio, em 1808. Suspeito que nunca mais seremos os mesmos...
Fala, memória!
Como repetia o saudoso João Saldanha, não sou o repórter Esso, a testemunha ocular da história, mas desconfio: os japoneses do vôlei deram o pontapé inicial nesse negócio de treinar no dia dos jogos. Quer ver?
Bem antes do ano da glória de 1982, quando o nosso vôlei masculino pintou bonito na fotografia, passou por aqui, pelo Brasil e Curitiba, a equipe feminina da Yashika. Foi um arraso! Não sobrou pedra sobre pedra das nossas meninas, tão bonitinhas, tão gostosinhas, tão jeitosinhas, tão tão (cala-te boca): não conseguiram fazer um ponto sequer! Todos os jogos foram 3 a 0: 15 a 0, 15 a 0, 15 a 0. Surras de criar bicho.
O que é que as japonesas tinham que as nossas não tinham? Qual o segredo daquela equipe, que não passava de uma equipe de fábrica?
Bem, entre outras coisas, elas treinavam muito mais e mais pesado, inclusive no dia dos jogos. Meninos, eu vi, ninguém me contou.
Na tarde do dia da estréia, o Renato Werneck (Camundongo) me convidou para ir ao Tarumã vê-las treinar. Não acreditei:
Mas logo hoje elas treinarão? Perguntei incrédulo, perplexo.
Era verdade. E que treino! Basicamente o seguinte: numa meia quadra o técnico ficava em cima de uma cadeira e dali cortava bolas para as garotas: a primeira, em cima dela; a segunda, à direita ou à esquerda; a terceira, no lado oposto. Horas assim!
Tive peninha delas ao mesmo tempo que fiquei exausto só de vê-las. À noite, passaram por cima das brasileiras como um Scania carregado por cima de uma barata. Matthäus, primeiro os seus.
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