Antes de prosseguir creio oportuno explicar o que significam "estampilla y rubia" e o que significa "estampilla rubia". Vamos lá?

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Estampilla é o portentoso nome espanhol do nosso mui conhecido, mui querido, mui útil, selo – chiquitito pero cumplidor.

– E rubia (o)?

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Atenção! Não precisa ter nenhum cuidado. No caso, não há falso cognato ou enganosa semelhança – velha, perigosa armadilha contra tradutores apressados; entre de sola: segundo David Ortega Cavero, que assina o meu pequeno dicionário Espanhol-Português, rubia (o) é ruiva (o). E é também loiro(a)*.

– E estampilla rubia ("selo ruivo/loiro") o que significa?

Para responder, passarei a palavra ao próprio, ao Fedato, Aroldo Fedato. Que numa tabelinha com o coleguinha Paulo Krauss fez gol de placa. O livro "Fedato, o estampilla rubia", levado ao ar pela Travessa dos Editores no verão do ano passado: "... Recebi da imprensa boliviana o apelido de ‘Estampilla Rubia’... . O termo selo era usado para os defensores que colavam nos atacantes e não os deixavam jogar" ( página 105, quase no final do segundo parágrafo).

Além desse sentido, "estampilla rubia" abrigava outro, mais glorioso – o de raridade, de algo especial, fora de série. Como Aroldo Fedato. Que não vi jogar, que não tive a sorte de ver jogar. Que não tive a honra nem o prazer de ver jogar. Ai de mim!

O livro "Fedato, o estampilla rubia", o seu livro e do Paulinho Krauss, tem 223 páginas (de 23,5 x 18 cm) ilustradíssimas pelas fotos do arquivo pessoal do nosso herói&ídolo.

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A pura, simples, demorada, curtida, viagem pelas fotos já vale o livro. Muito bem bolado graficamente pelo Paulo Sandrini e editado com capricho pelo Fábio Campana. E o texto do outro Paulo, o Krauss, não deixa a peteca cair nem entrar água no chope.

Para encerrar, darei dica de leitura, transporei para o livro a receita do Pedro Nava de beber scotch: a primeira dose deve ser consumida com rapidez, mas não de uma vez só; a segunda também, ma non tropo; a terceira, doucement, com amor, isto é, atenção mais encantamento.

– E o livro, cara pálida?

Primeiro, um veloz folhear; depois, um folhear caprichado, longas paradas nas fotos; finalmente, ler página a página, até o fim. Relaxe; aproveite; boa viagem.

Nota

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* E mais uma vez, hein João Manoel Simões? A língua espanhola se curvou diante da riqueza da inculta e bela, última flor do Lácio. Afinal de contas há ruivos e há loiros, tão diferentes, não é mesmo? Que não deixa de ser escandaloso esse embrulhá-los num só vocábulo como faz a cara castellana.