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Que os outros escribas se orgulhem dos seus títulos e provas, eu, escriba e fariseu, me orgulho dos meus leitores. Como o Diogo Rosas Gugisch.

Ele se deu ao duplo trabalho de procurar os equivalentes espanhóis de loiro e ruivo e de transmiti-los ao locutor que vos fala num recado camarada. Gracias, Diogo: muy amable.

Antes de transcrever o recado, creio oportuno lembrar rapidamente os antecedentes. Vamos lá.

Na segunda, última coluna sobre o Fedato, "estampilla rubia", publicada na edição de domingo, 26, afirmei ligeiramente que a língua espanhola tinha apenas uma palavra para designar tanto o ruivo quanto o loiro: a palavra é rubia (o). Certo? Errado como você verá lá adiante.

(Não contente, ainda concluí que a cara castellana se curvara mais uma vez diante da riqueza da inculta e bela, última flor do Lácio, a nossa mui mal tratada língua portuguesa. Ledo engano, leitor, ledo engano.)

Apoiado na incontestável autoridade do dicionário da Real Academia, Diogo batucou as bem traçadas linhas que seguem:

"A ‘nota’ da sua coluna de hoje destoa de um belo texto. A última flor do Lácio não está com essa bola toda, nem a língua de Cervantes é tão pobrezinha. Loiro é loiro; ruivo é ruivo, em português ou em espanhol.

Neste último idioma, a autoridade do dicionário da Real Academia Española nos diz o seguinte do adjetivo rubio:

rubio, bia.

(Del lat. rub?us).

1. adj. Dicho especialmente del cabello: de color parecido al del oro. Se dice también de la persona que lo tiene. Apl. a pers., u. t. c. s.

Já de ruivos, chamados pelos hispanoparlantes de pelirrojos, lê-se:

pelirrojo, ja.

2. adj. Que tiene rojo el pelo. U. t. c. s.

Não sei de particularismos, regionalismos e afins, mas na Espanha, pátria de Cervantes e, mais especificamente, em Salamanca, pátria (espiritual) de Nebrija e Unamuno, rubio é uma coisa e pelirrojo é outra. É possível que o nosso português tenha seus méritos e sutilezas, mas a distinção entre loiro e ruivo não é uma delas.

Abraço de seu leitor, Diogo Rosas Gugisch"

E agora? O que dizer em minha defesa? Há defesa? Sim, há atenuante: me baseei no dicionário Español-Português do Ortega, de apenas 90 mil palavras, comprado fiado no século das luzes, na Ghignone velha de guerra, diretamente do Dude, que parcelou a trolha em 15 mil suavíssimas, imperceptíveis prestações. A penúltima paguei ainda ontem. Ah! Se eu soubesse o que sei agora/não seria esse ser que chora/não teria perdido você... Como disse a mãe dos Gracos:

– Aprender, comer, coçar? Basta começar.

É isso aí.

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