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1982. Ano em que rebolei, que você rebolou, que rebolamos, que a pátria de chuteiras rebolou, que o Brasil rebolou. 1982. Ano em que a Itália nos despachou com frete a pagar, merecidamente: eles foram melhores. 1982. Ano pra esquecer? Ao contrário, ano pra nunca esquecer. E assim evitar os mesmos erros, equívocos, ilusões.

1982. Ano das grandes ilusões. A ilusão de que o ataque é a única defesa. A ilusão de que apenas a "beleza" é essencial, o resto é décor. A ilusão da nossa "arte" contra a "força" deles. A ilusão da "arte" como ornamento, adorno, enfeite, filigrana. A ilusão do grande time com "keeper" baixo, beque baixinho, laterais incapazes de tomar pirulito da mão de recém-nascido, centro-médio peladeiro fulltime, ataque sem homem veloz e, oh! não! com Serginho, ele, o indiscutível titular de Bangu II. A SELEÇÃO ERA BONITINHA&ORDINÁRIA – afirmo retrospectivamente.

1982. O último ano em que torci irrestrita, loucamente pela "pátria de chuteiras". 1982. O último ano em que sofri, rangi os dentes, quase "caí em prantos" pela queda da "pátria de chuteiras". 1982. O último ano em que pós-morte odiei de morte um adversário, a Itália! Queria a Copa-86 no dia seguinte pra nos vingar, ir à forra, matar a Itália a pau, enchê-la de bola, de gol. Queria trucidá-la pela audácia de enterrar meu sonho, meu delírio de paixão pela pátria de chuteiras.

1986. Melancolia. Tédio. Nostalgia. Os bons não eram novos, os novos não eram bons. Uma caricatura de 82. Ou 82 como farsa. A equipe tinha todos os defeitos de 82 sem as virtudes de 82. (Mestre Telê excedeu-se com Josimar.)

1990. Adotei a bolação do saudoso Heitorzinho Valente. Que um dia acordou decidido: não torcerei mais pro Atlético! Só torcerei contra os coxas! Serão 19 x 1! Se os coxas ganharem não ganharão do meu time porque não terei mais time, logo não sofrerei. E se perderem comemorarei adoidado.

Foi o que fiz. Torci contra o Brasil. Rejeitei liminar, violentamente a seleção convocada, escalada, dirigida pelo Lazaroni, mistura de Coalhada + Odorico Paraguassu. À sério, mon Dieu, à sério. Não me arrependi; faria tudo de novo, mas com outros parceiros.

1994. Pela não escalação do Ronaldinho, pelas escalações de Bebeto e Zinho torci pra Argentina. 1998. Perdemos pra ver a idiotizante CPI-99 sugerir que a Nike entregara o ouro pra França, página de ouro da burrice parlamentar brasileira. 2002. Torci pro Fenômeno, tido como acabado.

– E agora?

– Bem, agora, depende, depende dos agrados, sou profissional. Caixinha, obrigado.

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