Comecemos pelo começo, pelo nome do homem, pelo nome do novo treinador do Atlético: Matthäus. É assim que se escreve. Mas não é assim que se pronuncia, que se diz: em alemão o trema (¨ é masculino) altera o som da letra. No nosso caso, ele transforma o a em um e. Certo? Logo, Matthäus se pronuncia Mateus. (Pelo menos foi assim que a diretora do Museu da Imagem e do Som, a amiga Maria Amélia Junginger, se esforçou para me ensinar no final da manhã de ontem.)

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Precedentes

A rapaziada anda preocupada com os prováveis problemas de comunicação entre o Matthäus e seus alegres futuros comandados; o locutor que vos fala também. Mas não pelas mesmas razões. Quer ver? Antes desfarei possível equívoco.

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Esta não é a primeira vez que um clube brasileiro importa treinador europeu: em 1937, o Flamengo trouxe o hoje legendário húngaro Dori Kruschner, introdutor do WM* nesse imenso pedaço dos tristes trópicos. Vinte anos depois, o São Paulo importou o também húngaro Bela Gutmann. (Não citarei a tchiurma de "habla española": legiões de paraguaios, uruguaios, argentinos.) Voltemos aos problemas de comunicação entre o Matthäus e os jogadores.

Modesta proposta

Sugiro o seguinte: que o Matthäus não tente aprender português. Ou melhor, que o Matthäus não tente se comunicar num português de dez lições sem mestre. Será desastroso. O carregadíssimo sotaque acoplado aos incontornáveis erros detonará avalanches de riso. A meninada perderá a concentração, o Trétis perderá o jogo, entrará pelo cano, para usar gíria da época do vagão do armistício.

Mais simples, prático, funcional, seguro, é o pessoal aprender três, não mais que três palavras em alemão. Pois o universo vocabular dos treinadores à beira dos gramados do mundo, mundo, vasto mundo, se resume a três, somente três verbos no modo imperativo: vai! fica! pega! Em Alemão: geht! bleit! nehmen! Que tal?

Nota

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* WM, mas pode me chamar 3–2–2–3: três backs, dois halves, dois insides, três forwards, para usar língua de índio. Em português, três zagueiros, dois médios, dois meias, três avantes.

Atenção! W(ataque) M(defesa). No fundo, outra variante do marco divisório da evolução "tática" do joguinho. O 5–5. Isto é, cinco backs e cinco forwards. Tudo está aí! Tudo decorre daí! Toda sopinha de números se reduz ao 5–5, o ponto de equilíbrio. Daí minha oposição aos delírios ofensivistas tipo Kaká–Ronaldinho–Ronaldo–Adriano–Robinho–Zé Roberto–Cicinho! Sete avantes, cara pálida? E quem vai roubar a bola dos adversários? A mãe dos Gracos? Acorda, amor!