Misto frio

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Espelho, espelho meu, há no mundo uniforme mais poluído que o da sigla do Campo, finalista do Campeonato Paranaense do ignominioso ano em que não veremos o Atletiba?

A camisa parece inspirada num mostruário ou no saudoso pau de galinheiro: no peito, quatro linhas de anúncios, além do ombro & braço. Preciso acrescentar que a sagrada costa não foi respeitada? E que não perdoaram sequer o pobre, inocente calção? Caixinha, obrigado. Não só tempo é dinheiro, espaço também. Dá-lhe, Associação Desportiva Atlética Paranaense!

Amei a confissão do treneiro da sigla: "não treinamos pênaltis porque na última vez desperdiçamos quase 90%!" Vai pro trono ou não vai? É esse? É esse? É esse? Tereziiiiinha.

É isso aí; treino é bobagem, perda de tempo, de dinheiro, de energia: quem sabe sabe, nasce sabendo, quem não sabe não aprende nem com reza brava. Por falar nisso: pra que é mesmo que serve treneiro se treinos são dispensáveis, dão azar, atrapalham, pioram a técnica da rapaziada?

Surpreendente o gramado da sigla. É bom para os baixos padrões pátrios, bem acima do gramado do Burrão, por exemplo. Não vem que não tem! Fui ao Burrão, entrei no campo, pisei no dito, senti a barra com os (im)próprios pés: bonitinho & ordinário, mais ordinário que bonitinho tantos os desníveis, tantos os buracos-armadilhas-camuflados-pela-alta-grama.

Quem se preocupa com isso? A liga é a propriaotária do Burrão; os clubes não estão nem aí; os jogadores são alienados-inconscientes; os árbitros e seus nem sempre fiéis escudeiros, os bandeirinhas? A assim chamada crônica esportiva, impressa, falada, televisionada, internetalizada? A Sociedade Protetora dos Animais? As chatongs?

Pra não fugir à regra, o simpático estadinho da sigla é também (in)feliz portador da abominável pista de atletismo, pois inútil, inutilizada, prova provada da burrice brasileira, da nossa incorrigível mania de tudo desperdiçar – espaço, tempo, recursos escassos, mão de obra, dinheiro, o diabo.

Espelho, espelho meu, há bola mais feia que a tão mal tratada tricolor que rola (?!) nos gramados, bola oficial do Campeonato Paranaense do ignominioso ano em que não veremos o Atletiba?

O pior é a paradoxal diminuição do contraste. Quando vem alta – e quase sempre vem alta no baixo Campeonato Paranaense do ignominioso ano em que não veremos o Atletiba – a gente precisa de óculo especial pra vê-la, acompanhá-la, não é mesmo meu nobre Fernando Gomes? (O MST informa: laranja-preto-cinza provoca gravidez, cegueira, conjuntivite, nessa ordem.).