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Sou do tempo em que os jogos de futebol profissional no Brasil começavam impontualmente* às três da tarde. Do Oiapoque ao Chuí! (E ousamos fazer piadas com os portugueses.)

Tudo se passava como se esse imenso pedaço dos tristes trópicos fosse algo formado de uma só peça, sem fissuras, homogêneo.

Daí à convenção não escrita que o horário canônico seria às três foi um pulo. E assim ficou até o ano "mirabilis" em que a crônica esportiva carioca finalmente descobriu o óbvio, o ululante: no Brasil faz calor.

A grande descoberta

Incrível, fantástico, extraordinário. Não quero exagerar, mas esse notável achado está para a nossa história assim como a descoberta da lei da gravidade está para a história da humanidade. E isso não é tudo; o melhor vem a seguir; relaxe, cara pálida, relaxe e aproveite.

Dado o pontapé inicial, o Brasil foi invadido por ondas gigantes de descobertas – sucessivas&simultâneas. Um espanto. Por exemplo. A rapaziada também sacou que o calor era maior no verão que nas outras três estações.

Mais! Que o calor do Rio de Janeiro pra cima e à Oeste do Rio é – como direi? – um tanto quanto mais forte que ao Sul. Em compensação – e bota compensação aí – é bem menos forte que no Norte, na equatorial amazônia. Bestial, simplesmente bestial.

Convém não esquecer

Ah! Sim! Não faremos inteira justiça aos nossos anônimos rapazes se omitirmos a genial qualificação a que chegaram depois de judiciosas observações de campo: o calor é mais calor entre as dez da manhã e as quatro da tarde. E se transforma em algo de amargar, homicida, ali pelo meio-dia, pelas doze horas, horário de Brasília, claro. Como diria o Eça, essa é a hora de "torrar os untos". Ou "um calor de rachar catedrais", na imagem do Nelson.

(E dizer que a academia sueca ainda não reconheceu o nosso (in)gênio&arte. É o que dá ser dominado pelos EUA, pelo imperialismo yankee, pelo FMI. O Nobel não sabe o que está a perder. Mas eles verão, os papudos.

Juntos com marechalíssimo Chávez, o caciquíssimo Morales, el gran-peronista Nestor Kirchner e, por último, mas não o menos importante, ao contrário, com o imortalíssimo comandante&camarada&companheiro Fidel, fundaremos o império do bem, do belo, da verdade, da justiça (social, econômica, financeira, política, sexual). E nesse dia, então, dará na primeira edição: criado o tríplice grande prêmio "Cucaracha-Borracha-Bananona". Obra prima da lavra do caro Oscar. Segue.

Nota

* Nelson Rodrigues bolou também essa: nós brasileiros atrasaremos até o dia do juízo final.

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