Muito próximo da senilidade cultivo alguns poucos ódios com desvelos de mãe do poema do Coelho Neto: "ser mãe é padecer no paraíso, etc., etc., etc".

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Por exemplo: odeio cachorro que late ou ladra, homem que passa perfume nas mãos, mulher que alterca*. Igualmente odeio cachorro que passa perfume nas mãos, homem que alterca, mulher que ladra ou late. Finalmente, odeio cachorro que alterca, homem que late ou ladra, mulher que passa perfume nas mãos. Muito bem.

A cada quatro anos, mas não nos bissextos e sim nos anos da Copa do Mundo de futebol profissional, acrescento outros dois ódios ao seleto cardápio, ao seleto repertório: odeio ouvir hinos, nacionais ou não, mas muito especialmente os hinos nacionais, também conhecidos como hinos pátrios (eu, hein?). Menos o nosso, claro.

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Pior que um h(u)ino nacional somente outro h(u)ino igualmente nacional. E pior, muito pior que os dois hinos nacionais juntos somente um hino nacional cantado (?) pelos pobres atletas da Oropa, da França e da Bahia. Menos o nosso, claro, sobretudo quando cantado pelo Ronaldo "Gordo".

H(u)inos, nacionais ou não, são sempre chatos, musicalmente chatos, produzem azia, dor de cabeça, má digestão, aumentam a octanagem das caspas, calos, seborréias, acnes, ativam o vitiligo. Menos o nosso, claro.

Pior, muito pior, as letras dos h(u)inos nacionais são normalmente letras de guerra, palavras de ordem de combate, embate, bate-rebate, bangue-bangue.

– Sem exceção?!

– Felizmente há exceção, uma exceção, honrosa exceção: a quilométrica letra do hino nacional, do hino pátrio, da lavra do Osório Duque Estrada.

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Cheia de esdrúxulas (proparoxítonas), ela é a prova de bala, de som, choque, água. É para ser lida mudamente, não para ser cantada, pois vários trechos são íngremes como o Himalaia, intransitáveis, não recomendados para consumo humano.

– E o seu outro ódio, Carlos Alberto? (Adoro ser chamado de Carlos Alberto. Uma das delícias de falar com o Vinícius Coelho é ouvi-lo me chamar de Carlinhos. Grande Vina!)

– Meu outro ódio é contra foguetes, conhecidos em Ponta Grossa como fogos&artifícios. (Nos domingos, feriados, o pessoal do Daminha, do Cascatinha, não hesita: usa artefato. Não é à toa que Ponta Grossa ostenta o título de "capital cívica". Ela tem redação própria.)

- Foguete é emblema da estupidez humana. Foguetório é a estupidez humana 24 vezes por segundo.

Nota

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* Está na Bíblia, velho testamento, Livro da Sabedoria, atribuído a Salomão: "Deus nos livre da mulher que alterca" (negritos meus, NP ou CAP).