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Ainda a propósito do início dos jogos no horário de verão. Sabe a do Nílton Santos, "enciclopédia do futebol", grande lateral esquerdo do Botafogo, bicampeão do mundo em 58 e 62?

Uma tarde, a ver a corajosa rapaziada jogar logo depois do almoço no Maracanã, ele comentou lapidarmente:

– Lá estão eles a esfriar o sol pra gente.

Olha, não sei se o fato de o locutor que vos fala ter botado a boca no trombone aqui e na rádio onde faço curtos comentários sobre generalidades e na tevê onde também batuco mal traçadas linhas sobre tudo o que não sei, essa indisputável prerrogativa da segunda mais velha profissão do mundo, não sei se isso teve alguma influência ou importância, o fato é que a liga e os clubes decidiram dar o pontapé inicial num horário bem mais civilizado, num horário bem mais palatável que o adotado até aqui – 16 horas!

Na mosca!

Aleluia! Palmas para eles que eles merecem. Até que enfim algo para elogiar. Já não era sem tempo. Oba, oba, oba! Quem disse que não há vida inteligente nas difíceis relações entre os clubes e a liga presidida pelo dr. Severiano Millor Aruom?

No domingo, agora, o ainda não clássico* Coritiba x Paraná foi ao ar no aprazível, no suportável, no elegante, no potável horário das 19 horas, hora de Brasília, horário de verão.

É isso aí, rapazes; caprichem. Não dói nada, não custa nada. E a gente ainda bate palmas, elogia, pede bis. Além de entoar:

– Disseram que ele não vinha/olha ele aí!/Como já dizia Galileu da Galiléia/malandro que é malandro não bobéia//

No Rio os jogadores começam a reclamar do calor, do desgaste, do cansaço. O chato é que sequer desconfiam dos seus poderes. Por exemplo, bem que poderiam ameaçar os clubes: olha aqui, às três da tarde a gente não entra em campo nem a pau! Ou vocês tiram o cavalinho dessa imensa lua ou a gente vai fazer uma grevezinha bem maneirinha, que tal?

Encerrarei com variante do grande final do "Manifesto Comunista" de 1848, da dupla de barbudos do barulho, Marx&Engels: "Jogadores de futebol patropi, uni-vos! Nada tendes a perder exceto seus grilhões."

Nota

* Clássico é idade, tempo. Ninguém nasce clássico. Clássico se faz, se constrói ao longo do longo, lento passar dos anos. Por isso o único clássico paranaense é o Atle-Tiba.

Que me desculpem os paranistas, mas o clube de todas as Vilas não tem idade para protagonizar clássico. O velho de guerra, o falecido, o saudoso Ferroviário teria as credenciais para tal e tanto se não tivesse sido absorvido nas sucessivas fusões que originaram o Paraná. Certo?

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