No ano em que não veremos o Atletiba, no ignominioso ano em que não veremos o clássico paranaense por excelência, nesse ano que é um ano para esquecer, creio oportuno transcrever o justamente célebre primeiro parágrafo de "O 18 Brumário de Luiz Bonaparte", escrito em 1852 pelo maduro Marx, Karl, não Groucho nem Chico nem Harpo.

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O escriba (e fariseu?) espera realizar dois sonhos: contribuir pro aumento do repertório da tribo; provocar um pouco mais três ou quatro membros da "turma do funil", que deliram com absurdas tresleituras do que escrevo. Por exemplo, ponto e parágrafo.

Quando batuco como aí em cima "no ano em que não veremos o Atletiba", entendem que gostaria que a final fosse Atletiba ou que estou triste ou despeitado ou revoltado ou ou ou porque o(s) meu(s) time(s) está(ão) fora* da grande (quá-quá-quá) decisão.

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Curiosamente, as opiniões se dividem: 99,99% acham que sou coxa; 99,99% acham que sou trétis, 99,99% acham que sou melancia, além de feira da fruta, fiado, vendido, indigno de escrever, burro, o diabo. Muito bem.

Então, para atender não-pedidos, com você o início do "18 Brumário": "Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa."

A Adeg** informa: no Rio de Janeiro sai o Fla-Flu ou Flamengo-Vasco entra Madureira x Botafogo; em Belo Horizonte o dramático Atlético-Cruzeiro foi substituído pelo anti-clímax Ipatinga x Cruzeiro; na Bahia, o Ba-Vi bailou; etc., etc.

E no Paraná, no Estado de espírito da ex-quinta comarca de São Paulo?

No Paraná, ouvinte de casa e do auditório, o clássico por excelência, octogenário sucesso de público & crítica, o Atletiba, a recitar Camões (Cesse tudo o que a Musa antiga canta. Que outro valor mais alto se alevanta) abriu alas para o neo-clássico Paraná Clube x Associação Atlética Desportiva do Paraná, Adap pros íntimos. Aleluia.

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P.S.: A alegre e folgazã rapaziada da crônica já o batizou Pa-Ap***. Que em servo-croata significa "nasceu clássico". Longa vida ao Pa-Ap.

Nota

* Não espalhe; por mim a dupla não disputaria o campeonato estadual, tão inútil quanto o apêndice, tão anacrônico e déplacé quanto galochas. Vou além, se dependesse de mim o insepulto cadáver estaria enterrado há 30 anos pelo menos.

** No velho Maracanã o locutor de cabine introduzia as informações assim: a Adeg informa.

*** Sacou o palíndromo? Leia da direita pra esquerda.

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