Não espalhe. Se não houvesse limite, encheria as páginas deste caderno com a análise da atuação do Coritiba na terça. Relaxe. Serei breve: dez mil folhas de papel almaço, espaço um, linhas de 72 toques.

CARREGANDO :)

Kléber, Índio, Jackson, Caio e Alberto são experientes, rodados; presumivelmente líderes naturais do grosso grupo de jogadores que se acotovela no Alto da Glória; ocupam posições-chave, a assim chamada espinha dorsal, certo? Então pergunto:

– São incapazes de – juntos e/ou separados – ditar a maneira de jogar com homem a mais? Nessa altura da vida, do campeonato, ainda não sabem administrar a imensa vantagem? Cada um deve ter tido ao longo da longa carreira pelo menos 100 experiências semelhantes! E não aprenderam?!?!?! Quantas experiências mais necessitarão? Mil?! Milhão?! Rapaz, tudo se resume a: espalhem-se&dois toques!

Publicidade

– Somente isso?!

– Nada mais que isso.

– Então, qual a dificuldade, o problema?

– Boa pergunta. Minha resposta é: burrice&autosuficiência.

– Não seria burrice&afobação?

Publicidade

– Não! A afobação pinta no final do período, que se inicia sob o signo "la calma que reina trás la lluvia otoñal". E sua correspondente – e exasperante! – lentidão. Tudo se passa como se a rapaziada pensasse assim: bem, agora basta prender a bola, trocar passes com o cuidado de não perdê-la que chegaremos lá a andar, devagar&sempre.

– E quebram a cara!

– Exato. Não basta trocar passes; é imprescindível trocá-los velozmente, no máximo, dois toques: recebe e passa, recebe e passa. Melhor de primeira, um toque, "one touch"! Sem pensar! Sem parar a bola! Sem procurar o companheiro melhor colocado, sem tentar a grande jogada, o lance de gênio, o gesto (i)mortal. Pros lados e pra frente! Sacou?

– Pros lados e pra frente?!

– Pros lados e pra frente; a bola corre mais que o homem: a cada virada de jogo das duas, uma: teremos alguém livre, com campo pra avançar até dentro da área ou um x um, mano a mano.

Publicidade

– Virar o jogo de um lado pro outro exige no máximo três passes, muitas vezes dois, não raro apenas um passe.

– Pô! Será que terei de voltar às lides? Entrar em campo, mostrar o caminho das pedras, demonstrar, provar, comprovar? Com algum exagero sustento: com homem a mais a gente tem de criar uma situação de gol a cada cinco minutos. Anotou? Repetirei.

Com maiúsculas:

UMA SITUAÇÃO DE GOL A CADA CINCO MINUTOS! (É O TEMPO DOS PRINCIPIANTES. PROFISSIONAIS DE FINO TRATO NECESSITAM APENAS UM MINUTO PRA CRIAR UMA SITUAÇÃO DE GOL!)