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Na rápida e luminosa passagem pela "city que ri" (copyright do Ali Chaim), Pelé colocou no devido lugar o abjeto sensacionalismo em torno do "racismo no futebol" – seis isoladas manifestações de dois ou três imbecis em oito bilhões de jogos pelo mundo! Que tal mudar de assunto?

Por falar nisto, o grande Crioulo aproveitou o embalo pra dizer duas ou três coisas bastante sensatas, por exemplo, sobre a Copa de 2014 no Brasil, sobre os nossos estádios. Vejamos.

Querem sediar a copa de 2014? Ótimo! Desde que não batam nas portas dos governos nem queiram que eles banquem tudo, ou o principal, ou o mais grosso. Alguma dúvida, cara pálida? Por outras palavras, se o empreendimento for capitalista, com investimentos privados, lucros privados, prejuízos privados, nada a opor. Mas se for para levar ao ar nova edição da velha maratoreira cabocla, pas du tout, definitivamente não!

– O que é a velha maroteira cabocla?!

– O governo faz os investimentos a fundo perdido e os malandros se apropriam dos rendimentos.

– Mas isso não é capitalismo?

– Não! Isso é o nosso velho patrimonialismo, que mistura público&privado, que faz ponto&banca, que se der par ele ganha, e se der ímpar a gente perde, sacou? É algo pré-capitalista, marca registrada do português, herança nossa.

– O que ele falou sobre os nossos estádios?

– Falou o óbvio, o ululante. Não temos estádios para sediar a Copa de 14, com exceção da Baixada! Única, honrosa exceção! E, digo eu, CAP, todos os outros estádio brasileiros são imensas porcarias – grandões, burrões, gélidos, distantes, desconfortáveis, feios, não funcionais, anti-econômicos, com brutais ociosidades, com incomensuráveis desperdícios de espaço (como as inúteis, as decorativas pistas de atletismo em volta dos gramados), com inumanas separações entre palco&platéia, um horror.

– Preciso acrescentar: nove em dez vezes os dinossauros deixam o respeitável público exposto aos elementos; nossas pudendas sofrem rude teste em contacto com o frio cimento; o serviço inexiste ou é abaixo do meio fio; a segurança, voltada pros jogadores, dentro do campo, a plebe rude que se dane, se vire; etc., etc., etc.

Em verdade, em verdade, vos digo: nossos ãos e ões são monumentos à burrice brasileira. Que tem passado glorioso, futuro promissor. Se o proverbial turista inglês com o infalível caderninho passar por aqui e ver os boçalões tupiniquins anotará: curiosa tribo que insiste em construir conjuntos circulares em torno de quadriláteros. Qual a explicação, senhor cabo de esquadra?

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