Nenhum homem é uma ilha, batucou John Donne (1573-1631). Aqui, oh, my dear!

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Modéstia a parte, eu, CAP, Carlos Alberto Pessoa, não Clube Atlético Paranaense, sou uma ilha, uma pequena ilha, c’est vrai, mas uma ilha. Alguma objeção, cara pálida? Então leia o que segue. Relaxe, será rápido, rasteiro, praticamente indolor.

Não espalhe, sou um modesto coxa-branca rodeado de atleticanos por todos os lados. Ou melhor, sou um modesto tricolor* rodeado de rubro-negros da Baixada por todos os lados como uma pobre, isolada ilha é rodeada de perigosas águas por todos os lados, poros.

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Meu filho torce para o Atlético (esta intolerável rebeldia lhe custará a herança); meus sobrinhos são atleticanos (estão automaticamente deserdados); tenho irmãos atleticanos, tive tios todos tendenciosos, namoradas fanáticas pelas três cores**, primos, primas, colaterais e afins, amigos, colegas, companheiros, camaradas atleticanos! É uma inflação! Um despropósito!

Nos dias pares acho que sou paranóico. Nos dias ímpares tenho certeza: não sou paranóico, não sou vítima de mania de perseguição: sou verdadeiramente perseguido. Por eles.

Parece praga de madrinha ou de alguma escurinha (claro, Clóvis, minha madrinha era louca varrida pelo "Furacão"). Até a querida Aliança Francesa está dominada! Lá as cadeiras torcem para o Atlético. Un horreur!

Não adianta nascer na França, viver 100 anos em Paris, ser da Academia, ganhar o Goncourt, ter livro na coleção Pleiade. Se não torcer para o Atlético, pas de classe. (E dizer que a bela bandeira francesa é tricolor... Não sei, não, estou tentado a estudar Alemão no Goethe... Lá, suspeito, darei de cara com algum coxa-branca...)

Por que lembro essas coisas? Porque transcreverei bilhete da roxa rubro-negra-e-preta Lina Faria, fotógrafa de grande classe. Tudo o que a Lina clica beleza fica.

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Com trocadilho de título – "meia culpa" – batucou bem traçadas linhas para o escriba (e fariseu?). Liga, não: desmontaram sua piada do tricolor-de-duas-cores, mas ainda temos o maior meio estádio do mundo, a Arena da Baixada. Ou seria ferradura? Lina.

Ao leitor atleticano: não vem com faca que o prato é sopa. E o humor?

Notas

* Como o Ernani Buchmann repete aos berros quando não há testemunhas-dedosduros à vista ou a prazo, "Tricolor só o das Laranjeiras! Só o Fluminense! Os outros não passam de clubes de três cores!" É isso aí, Ernani! Voto com o relator. Gostei. Falou.

** Se o Flamengo é rubro-negro&vermelho como queria o saudoso Ciro Monteiro, então o Trétis é rubro-negro&preto.

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