Quem entende de futebol entende de jogador de futebol, separa o joio do trigo, distingue o bom do bonzinho, quem pode acrescentar e quem não pode acrescentar ao conjunto. Tudo o mais decorre daí. Sem boa matéria prima não se faz um produto decente, sequer passável. Todo o resto é abobrinha, enganação, mistificação consciente ou involuntária. Saber contratar, escolher, recrutar, dispensar, trocar, vender, comprar, emprestar, é apenas 99,99% do sucesso de uma equipe. O restante divida entre a sorte e a transpiração. Ôoooolê!
Qual o segredo do Paraná do pentacampeonato? E da escalada do Atlético da Segunda Divisão ao pódio? E dos longos anos de glória do Glorioso? Competência e inteligência na escolha dos jogadores.
Qual o segredo do fracasso do... e do... e do...? Incompetência e burrice na escolha dos jogadores.
Há duas maneiras, não mais que duas maneiras de ir às compras: com grana e sem grana, com grana e com pouca grana. Com grana é relativamente fácil escolher bons jogadores, montar boas equipes. Mas a grande arte, o rude teste, a prova dos nove, é a armar boas equipes com pouca ou nenhuma grana, arte que como toda a arte não se aprende no colégio nem em colégio interno. E se não aprende no colégio é porque não se ensina... no colégio.
Todos são humanos, todos erram, mas os competentes erram bem menos que os incompetentes. Em que proporção? Direi que em dez contratações os bobos erram oito vezes; os espertos, duas.
Rápida nota sobre os bobos: se você é um deles, relaxe. No mundo, mundo, vasto mundo, do velho, rude, esporte bretão nasce bem mais de um bobo por décimo de segundo. Logo, fique tranque: nenhuma bobagem é irremediável. Sempre há alguém mais bobo pronto para corrigir a minha, a sua, a nossa bobagem. O erro de ontem transformar-se-á na bobagem de hoje, na estupidez de amanhã, na cretinice de depois de amanhã e, tchan-tchan-tchan, na idiotice do day after depois de amanhã! Assim ao infinito. Aleluia!
O Coritiba caiu no ridículo da Segundona porque escolheu mal no ano da desgraça de 2005. O Coritiba está a cair num ridículo mais profundo porque bate sucessivamente seus próprios recordes: escolhe ainda pior que no ano passado, façanha que parecia impossível...
Não venha me falar na grana que encurtou com a queda. E daí? Lute à sombra, faça da necessidade, virtude. Como o Paraná: com menos de um quarto do caixa do Coritiba montou no ano passado equipe bastante palatável. Ou não? Acorda, Giovani! Somente a competência salvará o Coxa. Saravá.
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