Moro no Batel, "no bairro chique do Batel", num palacete, num dos últimos palacetes do bairro e da cidade que ri, da fria que satisfaz.
Nas segundas-feiras costumo dar folga aos meus motoristas e ocupar os mecânicos dos meus modestos carros quatro velhos ingleses, um Bentley que deixo à disposição dos hóspedes, um Rolls para situações de cerimônia ou pompa, o Austin tipo táxi londrino, com estribo, largos assentos de couro, inviolável divisão entre o do chauffeur e os de trás, um pau pra toda obra, de uso cotidiano, exclusivo da criadagem e, por último mas não o menos importante, um esportivo Jaguar* green Queen que me servia nos finais de semana de tédio&melancolia antes de descobrir essas coisas fabulosas que são os (im)próprios pés. Aleluia!
Necessitei de quase 80 anos pra ser apresentado aos meus (im)próprios pés. Que hoje me levam a quase todos os lugares a depender da distância, da pressa, da temperatura&pressão, dos elementos, enfim.
Na segunda-feira, agora, fui a pé ao meu caro barbeiro*, o imenso Antoninho, que cuida das minhas não nazarenas melenas há exatos 70 anos - como se costuma dizer à náusea hoje em dia.
O nobre ofício ele o exerce na pitoresca, na discreta, na veneranda travessa São Francisco. Uma boa pernada até lá, não, caro ouvinte de casa e do auditório?
Pois bem. Meia hora depois lá estava, não sem antes percorrer os mais movimentados trechos da Vicente Machado e da rua XV. Nos quais vi, com esses olhos que a terra comerá, espetáculo que merece registro: ao longo do trajeto cruzei com vá lá! exatos cinco jovens a envergar camisas de três cores: duas são paulinas, duas gremistas, uma paranista. Olê-olá! O nosso time tá botando pra quebrar!
Lembra do imortal comentário do Churchill sobre a RAF, Royal Air Force? Nunca tantos deveram tanto a tão poucos!
Agora dê uma olhada nas paráfrases que um gozador de alma maliciosa mandou pro escriba (e fariseu?) a propósito da comemoração do título estadual pelo ex-tricolor de duas cores no final da tarde de domingo: nunca tão poucos comemoram tanto tão pouco; nunca tão pouco foi tão comemorado por tão poucos.
Sou do tempo em que futebol rimava com bom humor, brincadeiras, esportividade; sorria.
Notas
* Quando a escola era risonha e franca, portei (?!) discreta limousine Lincoln, que abrigava apenas 315 pessoas sentadas... pobreza capaz de matar São Francisco de inveja.
** Como costuma dizer o Arthur Theóphilo de Souza Castro, o grande Arthurzinho, homem vai ao barbeiro, boneca vai ao cabelereiro.
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