Antes tarde que nunca.

CARREGANDO :)

Quando o Coritiba dispensou* o Márcio** e colocou o Cláudio no seu lugar, gostei, aplaudi.

– Por que?

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– Porque conheço o Cláudio, porque o vi jogar, porque admirava seu estilo, sua canhota, sua habilidade, sua versatilidade.

– Você está a falar do jogador Cláudio... Ele não joga mais. Fale dele como treinador.

– Calma. Já chego lá. Como diria o imortal Jack, the ripper, vamos por partes. Além do mais, o Cláudio não nasceu treinador como o Ruy Barbosa nasceu Conselheiro Ruy Barbosa, Águia da Haia, como o Nelson Rodrigues sustentava com tanta graça. Certo?

– Prossiga.

– O Cláudio jogou e jogou bem. Foi bom zagueiro esquerdo, talvez melhor lateral esquerdo. Ganhou muitos títulos. Envergou a explosiva camisa do Corinthians, sabe lá o que é isso? E não tremeu, não amarelou!

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– Deixa te ajudar. É filho do velho Ernesto, treinador de meninos no Santos do Pelé e no Coritiba dos anos 70. Foi jogador do legendário Tim, que o improvisou e em seguida o fixou de "quarto" zagueiro***. Etc., etc., etc.

– Exatamente. Deve ter aprendido alguma coisa nesses anos todos, não? Lembre: foi comentarista no rádio, participou do programa do Fernando Gomes, etc., etc. Não esqueça seu currículo de treinador – Cláudio rodou bolsinha aqui, ali, acolá; não é calouro.

– Nem pode ficar eternamente como auxiliar de treinador ou o interino de plantão, interino perene, como um personagem de Machado de Assis.

– Na mosca. Por que não o Cláudio? Por que não efetivaram o bicho? Que conhece a rapaziada mais que ninguém? Que está pronto, que tem sede, que, que, que?

– É isso aí. Voto com o relator. Em vão. Inês é morta. Trouxeram o Estevam (sem metafísica como no poema do FPessoa?)

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Notas

* Dispensar custa mais caro que contratar, pois normalmente implica rompimento do contrato, exceto no final do dito cujo, é óbvio. Quanto terá custado ao clube o tchau e bênção ao Márcio?

** Me recuso a acrescentar os respectivos nomes de família aos pré-nomes, modismo pedante, uma excrescência.

*** Por que quarto se é zagueiro interior, perguntava com insistência, implicância, o saudoso João Saldanha? A explicação não está no espaço, na distribuição dele em campo, mas no tempo, na história. O quarto zagueiro é quarto por ordem de entrada em cena, sacou? Sim. Pois no início era o beque. Lá na frente passaram a dois. Com o WM ganharam a companhia de um terceiro. Finalmente, com as variantes 4–2–4, 4–3–3, 4–4–2, eis senão quando pintou, veio à luz, foi batizado o sr. quarto zagueiro ou quarto beque.