As primeiras partidas de toda Copa do Mundo servem como apresentação de credenciais, ou de armas, se preferirem, já que os observadores estão atentos para todo tipo de duelo.

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Alguns times, mais fracos, iniciam jogando fechados e sem ambição ofensiva; outros, mesmo fracos, são mais ousados e acabam surpreendendo, como aconteceu com o Equador na primeira rodada. Quanto aos verdadeiros candidatos ao título – os países que já foram campeões mundiais – deles sempre se espera o melhor. Mas o torneio começa a engrenar mesmo com a definição dos classificados para as oitavas-de-final e pega fogo para valer na fase do mata-mata.

Outro dia, perguntaram-me qual foi a melhor Copa já realizada e qual foi a pior Copa da história.

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Bem, só posso falar de 1970 em diante, pois antes dela os jogos eram transmitidos apenas pelo rádio e torna-se impossível promover um juízo de valor. Entretanto, por tudo o que foi dito da seleção brasileira de 1958 e pelos filmes dos jogos que assisto freqüentemente, ela foi realmente bárbara.

Devo responder aos amigos que fizeram a pergunta que o pior Mundial foi o de 1990 e o melhor o de 1970. Vamos aos fatos.

Dos 52 jogos de 1990, cinco terminaram em 0 a 0, sete em 1 a 1 e 15 em 1 a 0. Ou seja, na metade das partidas, o placar praticamente não foi movimentado. A média de gols – a mais baixa das 17 edições da Copa do Mundo – ficou em 2,21 por jogo. Terrível. Salvaram-se, naquela Copa, a Alemanha, e que assim mesmo só venceu três vezes graças ao pênalti, e Camarões, com seu futebol deliciosamente irresponsável.

É difícil explicar às novas gerações que a Copa de 1970 foi a melhor da história, não só pelas peripécias da equipe brasileira, arrasadora do começo ao fim, mas também de outras partidas antológicas, como Alemanha 3 x 2 Inglaterra e Itália 4 x 3 Alemanha.

Além disso, o que distinguiu aquele Mundial foi a enxurrada de craques distribuídos por quase todas as equipes.

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Foi uma geração abençoada, na qual destacaram-se os brasileiros Carlos Alberto, Clodoaldo, Gerson, Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivelino; os italianos Fachetti, Mazzola, Bonisegna e Gigi Riva; os alemães Maier, Vogts, Beckenbauer, Overath e Müller; os ingleses Banks, Moore, Bobby Charlton e Hurst; os romenos Lupescu e Dumitrache; o tcheco Petras; os peruanos Chumpitaz, Mifflin, Perico Leon, Cubillas e Gallardo; os uruguaios Mazurkiewicz, Matosas, Montero Castillo, Manero, Cubilla e Esparrago e por aí afora.

Foi uma Copa rica em valores individuais e com seleções muito bem preparadas, que desafiaram os altiplanos do México e o ar rarefeito debaixo do sol do meio-dia.