Apoteose é, por definição, a cena final de espetáculos teatrais que se encerram numa visão gloriosa, de heroísmo ou sacrifício. Por ser o endeusamento de figuras lendárias e síntese grandiloquente, a apoteose é reservada para o fim.

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Diante do panorama político, econômico e esportivo assistimos, decepcionados, a uma verdadeira apoteose da mediocridade. Segundo Pino Aprile – escritor italiano – é a idiocracia, a apoteose de uma sociedade medíocre.

Ele argumenta que a estupidez tende a crescer continuamente. A inteligência, antes necessária para a evolução da espécie, tornou-se obsoleta, assim como nossa antiga cauda, pelos em excesso e o andar sob quatro patas.

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De nada adiantaram as guerras, a fome, o racismo, a intolerância, a devastação de países e tantas outras experiências traumáticas que assinalaram o século passado, curiosamente durante o qual se registrou o maior avanço tecnológico da humanidade. A maioria continua individualista e utilitária.

O modelo imposto pelo desenvolvimento, em velocidade cada vez maior, reflete-se na manutenção de um padrão de comportamento onde o mérito, a ética, a educação e a responsabilidade deixaram ser importantes.

O nivelamento intelectual por baixo levou as pessoas ao desrespeito de regras comezinhas que construíram os pilares da sociedade. Observa-se autêntica olimpíada pelo sucesso rápido na busca pela fortuna, mesmo que custe o atropelo sobre os interesses coletivos. Parece que poucos ainda nutrem o receio de cometer infrações. A corrida pelo prazer e a satisfação pessoal está acima de tudo. Antes que seja tarde demais.

Talvez este despretensioso exercício filosófico nos ajude a entender o momento tempestuoso que vivemos. Tanto no plano nacional quanto internacional o desencontro de opiniões e o confronto diário sacodem o noticiário. Sem qualquer preocupação com o bem estar do indivíduo comum que, por sua vez, começa a ficar descrente dos líderes e dos governantes.

No futebol, então, as informações mudaram de categoria: da página esportiva para a policial. Craques idolatrados pelas multidões, como Messi e Neymar, estão às voltas com o fisco; Joseph Blatter foi afastado da presidência da Fifa por envolvimento em falcatruas; o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, segue preso na Suíça; e o atual, Marco Polo Del Nero, tem evitado sair do país para não ser apanhado pelo FBI.

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E ainda tem a seleção do Dunga que iniciou com derrota a sua tentativa de classificar-se para a Copa de 2018. Time mal escalado, com esquema de jogo defensivo, sem imaginação no meio de campo e com um ataque completamente inoperante.