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Depois de fazer um gol espetacular, Neymar colocou uma máscara representando o próprio rosto na comemoração e acabou expulso pelo árbitro.

A letra fria da lei prevaleceu sobre a graça e a descontração do futebol.

Desde o surgimento dessa encantadora geração de craques no Santos – Ganso, Ney­­mar, Wesley, André e outros – foi retomada a era das comemorações irreverentes que remete ao passado de alegria.

O futebol é um esporte coletivo, mas seu ápice é sempre uma realização individual. Afinal, o gol nunca é creditado a duas pessoas. Por mais que o passe tenha sido fundamental ou a jogada ensaiada, é ao goleador que cabe a glória, pois foi quem fez da possibilidade uma certeza. Natural, portanto, que a festa seja marcada pela sua personalidade, seja ele solidário, impulsivo ou contido.

A arte de comemorar, porém, é antiga, mas foi com Pelé e o ad­­vento da televisão que o momento foi alçado a um patamar superior, ganhando repercussão, registro e história.

Pelé, que praticamente reinventou o futebol, após fazer o gol que ele considera o mais bonito da sua carreira – jogo com o Juventus, em 1959 –, com direito a três chapéus, inclusive no goleiro, socou o ar em um gesto de raiva pelas provocações da torcida juventina que abarrotava o pequenino estádio da Rua Javari. A clássica comemoração iria acompanhá-lo em momentos célebres, culminando com a abertura da contagem na final com a Itália na conquista do tricampeonato mundial, em 1970.

Houve outros que criaram motivos diferentes para festejar a marcação do gol, como Juari, do Santos, que dava voltinhas em torno da bandeirinha; Caio, do Flamengo, que dava cambalhotas; Dadá Maravilha, do Galo mineiro, que dançava; Sócrates, do Corinthians, que erguia o braço direito com o pu­­nho cerrado; Viola, do Corin­­thians, que ao marcar um gol no Palmeiras agachou-se imitando um porco, símbolo do ar­­quirrival; Mar­­celinho Carioca, do Corinthians, que saía em disparada com os braços girando; Bebeto, da seleção brasileira, embalando os braços em homenagem à filha que nasceu; Paulo Nunes, do Flamengo, que co­­memorou improvisando uma máscara em homenagem à modelo Tiazinha, que fazia su­­cesso em um programa de auditório; Valdívia, do Palmei­­ras, com o chororô; Tevez, do Corin­­thians, com a dança da cumbia, en­­tre tantos mais por todos os cantos do país.

Atualmente, empolgados com o futebol vistoso que apresentam, os chamados "Meninos da Vila" embalaram na onda das comemorações inventivas. A cada rodada nas últimas temporadas, chuva de gols e novas dancinhas ou imitações.

Na epifania após o gol, muita irreverência, como a do goleiro do Mazembe, que sentou no gramado e impulsionou o corpo mexendo as pernas de uma maneira engraçada.

Ao longo da história do centenário esporte, sempre houve quem fizesse do momento mágico do gol um espetáculo à parte.

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