• Carregando...

A velha máxima de que artista e intelectual são fadados à pobreza não passa de um falso estereótipo.

Shakespeare, entre outros, era riquíssimo, dono de dois teatros, vários terrenos e imóveis. Publicado há alguns anos na Eu­­ropa, o livro Muses & Markets (Mu­­sas e Mercados) promoveu o mais completo levantamento nas finanças de muitos dos maiores escritores, poetas, mú­­sicos e maestros de todos os tempos.

Os autores, professores universitários – um suíço e um alemão –, investigaram declarações de imposto de renda, velhos livros de registros de propriedade e antigos documentos bancários e cartoriais. Os artistas realmente pobres foram poucos: Van Gogh, Gauguin, Modigliani, Rosseau, Edgar Allan Poe, que só tiveram seus talentos reconhecidos depois de mortos.

Modernamente, os artistas mais bem pagos atuam no teatro, no cinema e, sobretudo, na televisão. Porém uma classe emergente ocupa lugar de destaque no ranking dos novos milionários: os esportistas.

Pilotos de corridas, golfistas, tenistas, boxeadores, jogadores de basquete e tantos outros recebem verdadeiras fortunas por temporada, mas é o velho e rude esporte bretão que atrai a atenção da mídia. Tudo pela paixão popular do futebol, criando ídolos e mitos graças ao televisionamento direto dos jogos para todos os cantos do mundo.

Fonte inesgotável de talentos, o futebol brasileiro ainda não aprendeu a conviver com os novos tempos e enquanto técnicos e jogadores enriquecem, os clubes nacionais vivem na penúria.

Com a nova legislação internacional os jogadores passaram a ser supervalorizados e trataram de encontrar agentes que buscam melhores contratos a todo instante. O problema é que a maioria dos clubes brasileiros não esta preparada para administrar a situação, tanto que a todo momento se ouve falar de algum bom jogador que deixou de mãos vazias o clube que investiu na sua formação.

Até Pelé reclamou do comportamento de alguns jogadores, apontando a obsessão pelo dinheiro como um drama para quem necessita concentração e condicionamento para dar es­­pe­­táculo.

A postura dos agentes é que atrapalha, pois a voracidade pe­­la fortuna é maior do que o tempo necessário para o desenvolvimento natural de uma carreira de atleta profissional.

Diversos jogadores, influenciados por seus representantes, não cumprem contratos, tentam diminuir etapas e acabam prejudicados. Não estou falando das exceções, aqueles que se tornam milionários, mas da grande maioria iludida por falsas promessas que fica pelo meio do caminho.

A mídia dedica os principais espaços para abordar o sucesso das estrelas ou os acidentes de percurso – como Adriano, no­­vamente dispensado por indisciplina –, deixando um pouco de lado a considerável gama de jovens valores que se torna refém dos agentes inescrupulosos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]