Celebrizou-se a era Dunga pela prática do futebol defensivo, rústico e, como se dizia, de resultados. Acabou dando certo com a conquista do tetra nos Estados Unidos, em uma das copas tecnicamente mais miseráveis.

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Foi um período de baixo nível técnico entre os mundiais de 90 e 98, com Dunga emprestando o seu nome à era de futebol pobre e pouco criativo.

Mesmo com a conquista do título em 94, mais pelo seguro sistema de defesa armado por Parreira do que por brilho técnico, a seleção daquela época é menos reverenciada que as derrotadas em 82 e 98. Indicativo de que o torcedor ama o futebol como arte e não meramente como competição sem graça e talento.

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Depois do modorrento empate com a Colômbia, anteontem, o selecionador nacional reclamou das vaias e dos pedidos da torcida para que ele desembarque o quanto antes. Alegou que o país está em segundo lugar nas Eliminatórias, mas que, pelo barulho, parece que está em último.

Não, Dunga, ninguém está contestando a campanha, mesmo arrastada e pontilhada por tantos percalços, mas sim a pobreza técnica da seleção mais festejada do planeta.

Os seus critérios de convocação causam espanto e não se justifica tanta insistência com jogadores que devem ser bons em seus clubes, tais como Afonso, Fernando, Anderson, Maicon, Kléber, Gilberto Silva, Josué, Elano, Diego, mas que não têm roupa para jogar na seleção. Sem esquecer, é claro, de que alguns considerados craques fora de série, como Ronaldinho Gaúcho e Robinho, só mostram bom rendimento quando querem e, indiretamente, colaboram com a fritura de Dunga.

Esse time pode classificar o Brasil para a Copa, mas com certeza não ganhará o titulo na África do Sul.

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EFABULATIVO: Quintilhiano Machado Netto, filho de Faeco, craque na conquista do hexacampeonato do Britânia, foi um dos mais completos narradores esportivos do rádio paranaense.

Tive a honra de trabalhar ao seu lado, no início de minha carreira, na antiga Rádio Guairacá.

Certa feita, durante a transmissão de um jogo do Coritiba com o Rio Branco, no Estádio Nélson Medrado Dias, em Paranaguá, a torcida local revoltou-se com a arbitragem e, imediatamente, irou-se também contra o Coritiba e os cronistas de Curitiba que estavam trabalhando na cobertura jornalística.

No fim da partida, triunfo do Coxa e muitas reclamações, um grupo de torcedores riobranquistas arrancou a escadinha e começou a balançar a cabine de transmissão de madeira na Estradinha.

O pessoal ficou com medo, já que a polícia estava preocupada em dar segurança ao trio de arbitragem e à delegação do Coritiba.

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Machado Netto deu uma sacada genial, metendo o pé na porta da cabine e berrando para a galera ululante:

– Tem homem aí?

– Teeeemmmm...!

– Então segura que lá vou eu...

Jogou-se nos braços da torcida, que começou a rir.

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carneironeto@gazetadopovo.com.br