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Vira e mexe nos recordamos, com saudade, da Curitiba romântica do tempo em que os automóveis transitavam pela Rua XV e os encontros nos cafés, no Senadinho ou na Boca Maldita reuniam a nata da sociedade.

Hoje em dia, a Rua XV perdeu o charme e tornou-se perigosa à noite, enquanto os cafés perderam a graça, o Senadinho acabou e a Boca Maldita virou ponto de encontro de vendedores e pedintes.

A velha Curitiba que não existe mais era romântica, talvez ingênua, mas certamente menos pretensiosa e muitos dos seus restaurantes nasceram da combinação de alguma nostalgia com a oportunidade.

O Guairacá, onde hoje está instalada a agência central do HSBC com as lindas cores e luzes do Natal, era espetacular. Pelo estilo de atendimento dos garçons, pela intimidade entre as pessoas e, sobretudo, pela excelência da comida. A bacalhoada das sextas-feiras era deliciosa.

Como espetacular foi o célebre bar Paraná, que ficava ao lado da extinta loja Louvre. O filé Abílio Ribeiro – homenagem ao elegante presidente do Atlético, cuja antiga sede ficava no andar de cima do restaurante – era disputadíssimo. Mas a peça de resistência da casa foi a famosa sopa húngara, um goulash familiar, compartilhado com a distinta freguesia.

Também desapareceram o bar Cometa, o Zacarias, a confeitaria Iguaçu, a italiana Fontana de Trevi, o restaurante suíço Matterhorn e as tradicionais churrascarias centrais.

Só restaram o imbatível Ille de France e o boêmio bar Palácio. No restaurante francês da praça do homem nu ainda encontramos o requinte da comida normanda e, no bar do espanhol Pepe, ainda nos deliciamos com o filé a grise ou com os imbatíveis pratos do dia.

Hoje a cidade está tomada por bons e maus restaurantes, mas basicamente por uma interessante coleção de chefs.

Foi-se o tempo do cozinheiro, do cozinheiro-chefe ou do mestre-cuca, do inglês cook. Agora, obrigatoriamente em francês, e obrigatoriamente sem complementos, se diz chef, apenas. É fino. Quando alguém se referir ao personagem, por favor, deixe o "f" soar mudo, alongado: chefff... É chique.

A mais recente novidade é a reabertura do Armazém Santo Antonio, agora sob o comando de Ari Perez, que tem treinado a arte culinária nos camarotes do estádio Durival Britto e Silva. Por falar em camarotes, seria o caso de existirem bons restaurantes na Arena da Baixada – que já conta com a excelente churrascaria Napolitana – e no Alto da Glória – que inaugurou a Devon’s –, para atender aqueles que apreciam o melhor e podem pagar por isso.

Ou seja, a presença de chefs no serviço dos camarotes, valorizaria o preço do aluguel e incentivaria muita gente a experimentar as novidades culinárias antes, durante e depois do jogo.

Nos estádios europeus, isso é comum e bem antigo.

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