"Existem três poderes: Deus no céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área". A frase é de Dadá Maravilha, o "Peito de Aço", fanfarrão goleador que já passou dos 60 anos e criou em torno de si um dos mais ricos anedotários do futebol brasileiro.
Quando viveu o auge da carreira, entre o Atlético Mineiro e o Internacional, convocado para a seleção brasileira tricampeã em 1970, Dario dizia: "Tenho o olho balístico da águia para vislumbrar o gol, a velocidade do falcão para ultrapassar os marcadores e a impiedade do abutre para estraçalhar adversários". E tinha mesmo. Por onde passou, Dadá foi artilheiro e serve até hoje como referência.
Os goleadores sempre foram muito requisitados, idolatrados e valorizados, tanto que alguns esticam a carreira até onde podem, como aconteceu, por exemplo, com Romário que se sagrou principal homem-gol do Campeonato Brasileiro em torno dos 40 anos de idade.
O homem-gol vale tanto quanto pesa e ai está Ronaldo Fenômeno no Corinthians, em uma contratação que envolveu milhões de reais ao mesmo tempo em que ele luta para perder alguns quilos e voltar a balançar as redes.
Aqui, no modesto futebol paranaense, nossos clubes procuraram melhorar a peça ofensiva de suas equipes, se bem que em vez de reforçado o Coritiba ficou sensivelmente desfalcado com a saída do artilheiro Keirrison. Sem a sua principal revelação, ídolo e artilheiro máximo, o Coxa terá de apostar nos gols de Marcos Aurélio, Ariel, Hugo e outros.
No Paraná, com a debandada dos principais atacantes por questões exclusivamente financeiras Giuliano, Pimpão e Leonardo transformou-se em verdadeiro mistério a capacidade ofensiva da equipe tricolor para o campeonato que se aproxima.
E, no Atlético, depois da amarga experiência no Campeonato Brasileiro, quando não caiu de divisão por pouco, diante da fragilidade técnica do time, mas, especialmente do seu ataque, investiu-se na busca de soluções para o grave problema.
Nada excepcional, mas pelo menos o técnico Geninho terá maiores opções para compor o setor a partir da aquisição do eficiente meia-atacante Marcinho, do oportunista Lima e do promissor Jorge Preá. Sem esquecer que os polêmicos Rafael Moura, Julio César e Pedro Oldoni seguem rondando a grande área.
E a hora dos artilheiros é agora: o início da temporada com o Campeonato Paranaense, disputa que, tradicionalmente, resume-se à luta pelo título entre os três clubes da capital. A resistência a eles é bem reduzida.
Apenas de vez em quando alguma equipe do interior ameaça a hegemonia do trio curitibano.
O Campeonato Paranaense surge como oportunidade rara na temporada para os atacantes aproveitarem a fragilidade técnica dos adversários e marcarem grande quantidade de gols.
Com os gols, vem a alegria, a confiança e a afirmação que todo homem-gol necessita para brilhar na carreira.