Não há quem não se encante com um convite para viagem. Pode ser breve, mas sempre é bem vindo o deslocamento nem que seja apenas para sair da rotina. Imaginem, então, uma viagem para o exterior.
Foi essa motivação que levou no passado diversos times brasileiros a embarcar na mística das excursões, época em que os jogos não eram transmitidos pela televisão. Nem sempre foram viagens de primeira e poucos foram os times que enfrentaram os principais adversários europeus.
Sem consultar nada, recordo do Santos em seus confrontos, oficiais ou não, com times europeus de ponta. Mas a raridade tinha uma explicação: todos desejavam conhecer Pelé e sua corte. A seleção brasileira era bicampeã do mundo, ainda não havia jogos pela TV e o mundo queria ver Pelé ao vivo e em cores. Os demais grandes times aproveitavam os convites para os torneios preparatórios antes dos campeonatos, como Ramon Carranza, Tereza Herrera, Copa de Feiras e outros. O Botafogo, com Garrincha, especializou-se em realizar excursões pela América Latina e Caribe, colocando dólares no cofre e divulgando a marca, se bem que sem nenhum resultado prático, pois naquele tempo os dirigentes desconheciam o poder do marketing.
Os nossos três principais clubes também alimentaram os seus sonhos internacionais com o Colorado viajando para realizar jogos na África durante a campanha de João Havelange para presidente da Fifa e o Paraná fez duas viagens no continente latino-americano. O Coritiba embarcou cinco vezes para o exterior, mas foi a primeira viagem que marcou mesmo.
A excursão de 1969 foi muito bem organizada pelo empresário francês Jules Durancier quando o Coxa enfrentou adversários de gabarito na Alemanha, Áustria, França, Holanda, Espanha entre outros países.
A segunda excursão foi boa, no ano seguinte, mas com menor impacto e as demais, organizadas por Elias Zacour, entraram no pacote que visava agradar os eleitores de João Havelange. O Coritiba, em 1972, chegou a ficar estacionado durante dias em Istambul aguardando a definição de adversários.
O Atlético realizou excursões modestas, com pouca repercussão, surgindo a próxima com toda pinta de que será a mais importante no calendário do clube que já adquiriu experiência na Libertadores e na Sul-Americana.
A Marbella Cup, a ser realizada no sul da Espanha, promete ser interessante pela qualidade técnica dos adversários, entre eles o Rubin Kazan, atual campeão russo, e o Dínamo Kiev, vice ucraniano. Conheci Marbella numa folga durante a cobertura da Copa do Mundo de 1982 e fiquei impressionado com a riqueza e o luxo do balneário além, é claro, do topless nas praias.
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