O anúncio do afastamento do diretor executivo do futebol profissional do Coritiba e a manutenção do técnico não deixou de ser surpreendente.
Gerou-se muita expectativa na véspera para uma decisão de menor impacto.
Se o plano da alta direção do clube seria dar uma resposta ao torcedor e, talvez, uma grande chacoalhada no setor para ver se o time reage em campo, a permanência de Gilson Kleina causou, no mínimo, certo desconforto.
Nunca é bom continuar trabalhando sob o rótulo de “prestigiado”. Qualquer um sabe que no ambiente futebolístico trata-se de estar com o cargo a perigo. Basta novo tropeço para que os dirigentes resolvam mexer, efetivamente, na receita mal aviada do futebol coxa-branca pela terceira temporada consecutiva.
Há três anos o Coxa não é campeão estadual e nesse período tem disputado o Brasileiro apenas com a preocupação de não ser rebaixado.
Motivos mais do que suficientes para deixar a torcida inquieta e os profissionais com a responsabilidade redobrada.
Que Kleina é competente, todos reconhecem, porém além de trabalhar com um elenco tecnicamente limitado e com média de idade muito acima do recomendável – daí tantas contusões em apenas cinco meses –, o torcedor não esconde que gostaria de ver Pachequinho no cargo.
De qualquer forma, a esta altura só há um caminho para o treinador: vencer a Chapecoense e recuperar o prestígio no comando do time coxa-branca.
Calendário cruel
Vamos ver se a gente consegue entender.
A organização estabelecida pela CBF, com o aval das federações e, bem ou mal, com a concordância dos clubes apresenta um calendário cruel.
Para os grandes times, porque eles são obrigados a disputar os estaduais deficitários e depois ficam promovendo rodízio entre os jogadores por causa da deficiente pré-temporada. Sem esquecer da Primeira Liga, que aumentou o número de partidas no ano.
Para os médios e pequenos times, porque eles são as maiores vítimas da inexistência de um calendário inteligente e racional.
Vejam, por exemplo, o caso do Operário, de Ponta Grossa. Ele disputou o estadual e, por ter sido campeão no ano anterior, conquistou vaga na Copa do Brasil. Por méritos, o Fantasma alcançou a segunda fase do torneio e venceu o Paysandu no dia 17 de maio.
Continua mantendo o elenco completo, pagando todas as contas e apenas treinando em Vila Oficinas.
Cinquenta dias separam o primeiro jogo do segundo, marcado para o dia 6 de julho, em Belém.
Onde está a lógica ? Quem paga os prejuízos ?
A CBF e as federações se calam.
Depois não sabem porque o futebol brasileiro continua sofrendo impressionante processo de esvaziamento.