Passei a semana inteira ouvindo a mesma pergunta dos torcedores de Atlético e Coritiba: quem vai ganhar o clássico?
Claro que seria tolice responder seriamente para satisfazer tantos ouvidos apaixonados. Mal sabem eles que o futebol é uma síntese dramática da vida. Tudo acontece durante os 90 minutos de pura emoção. Ainda mais em Atletiba e decidindo o título.
Centenas de cronistas e milhões de torcedores devem ter queimado a língua por terem apostado no absoluto favoritismo do Barcelona na Liga dos Campeões em andamento.
Pois não a de ver que o espetacular time catalão foi eliminado pelo modesto, bem equacionado taticamente e extremamente esforçado Atlético de Madrid.
Brincar com os amigos em jantares, churrascadas ou caminhadas pelo Parque Barigüi é uma coisa. Tratar dos sortilégios da bola profissionalmente é outra, bem diferente.
Aprendi nesses mais de 50 anos de atuação como jornalista esportivo que no jogo de futebol o tempo, o acaso e as emoções fazem a diferença em campo.
Das 15 finais Atletiba só não assisti as três primeiras, na década de 1940. Pelo simples fato de ainda não ter nascido.
De 1968 até hoje narrei, comentei ou assisti todas as decisões entre os maiores times do futebol paranaense.
Trata-se, inegavelmente, de uma partida diferente.
Basta verificar como as pessoas são tocadas pela graça de tentar entender a paixão que a rivalidade entre coxas e atleticanos desperta em milhões de pessoas.
Com a bola rolando, independente do estádio em que esteja sendo disputado, o clássico adquire contornos próprios e indecifráveis. No último instante, um lance pode virar o jogo e inverter o que foi arduamente construído na maior parte do tempo.
Quando o gigante Paulo Vecchio subiu mais do que o mítico Bellini para cabecear no fundo das redes do goleiro Gil e garantir a conquista do título do Coritiba, em 1968, o tempo parou.
Uma vitória quase certa virou empate, com sabor de derrota nos últimos segundos.
Quando o ala Odemilson arremessou da lateral do campo direto para a área coxa-branca, o meia Serginho cabeceou tentando afastar o perigo, mas a bola foi em direção ao zagueiro Jorjão, que desviou à meia-lua da área, onde se encontrava o companheiro Berg... Este atrasou para o goleiro Gerson, que avançava, e a bola foi para a meta sem que tivesse caído no chão e sem que qualquer jogador atleticano nela tocasse. Foi o gol que deu o título ao Atlético, em 1990, no Alto da Glória.
Como na vida, estamos nas mãos do acaso. Pode-se ganhar ou perder por um triz.
O futebol firma o pacto entre a eternidade simbólica e a fugacidade da vida.
Bom Atletiba a todos.
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