Na época em que o Campeonato Paranaense era a única e autêntica motivação do futebol local, debruçávamos sobre ele com dedicação e carinho.
Era o tempo em que os nossos times não tinham expressão nacional panorama que se alterou pouco até hoje , apenas o campeão participava da Taça Brasil e, invariavelmente, vencia o representante de Santa Catarina, sendo eliminado por gaúchos ou paulistas.
Os nossos clubes se desenvolveram patrimonialmente, ampliaram os seus quadros associativos e conseguiram algum destaque esporádico na grande mídia nacional. Porém, continuamos sendo olhados como um centro futebolístico de segunda linha ou, na melhor das hipóteses, como emergente.
Por razões profissionais e, de certa forma, sentimentais pela antiga ligação afetiva entre os times da capital e do interior, sempre curti os campeonatos estaduais.
Sou do tempo em que além de torcer para um time da cidade, escolhíamos um carioca e um paulista para acompanhá-los através das irradiações em ondas curtas, das reportagens em jornais e revistas, mas, principalmente, pelas imagens que o telejornal mostrava no cinema. Víamos o Canal 100, com lindas tomadas do Campe-onato Carioca e o jornal produzido por Primo Carbonari, com os lances do Paulista, mesmo com imagens ruins e som distorcido. Aqui, de vez em quando, a Guaíra, produtora do Juca Kriger, apresentava cenas do nosso campeonato.
Vivíamos intensamente a disputa, até porque não eram tão distantes as diferenças entre o potencial técnico do chamado Trio de Ferro Atlético, Coritiba e Ferroviário, depois Colorado e agora Paraná com as equipes do interior. A cada ano surgiam times surpreendentes, como a Cambaraense, Esportiva de Jacarezinho, Monte Alegre, Caramuru de Castro, Rio Branco e Seleto de Paranaguá, Comercial de Cornélio Procópio, Iraty e Olímpico de Irati, Grêmio Oeste e Batel de Guarapuava, Iguaçu de União da Vitória, e a dupla Opegua de Ponta Grossa: Operário e Guarani.
Mais à frente vieram as forças do Norte na união com o futebol sulino a partir de 1966: Grêmio Maringá, Londrina, Jandaia, Apucarana, Arapongas, Bandeirantes, Paranavaí e outros, além do extremo oeste com Cascavel e Toledo.
E ainda contávamos com os times menores de Curitiba, como Água Verde, Britania, Palestra, Bloco Morguenau e Primavera. O coro comia, era muito animado e as zebrinhas corriam soltas pelo gramado.
A técnica era discutível e valia mesmo a garra dos jogadores, semiprofissionais; as arbitragens eram amadoras e nem sempre confiáveis; os gramados ruins, mas as pessoas se espremiam para assistir quase todos os jogos, com direito a foguetório e sem divisão de torcida nos acanhados estádios.
E os estaduais teimam em sobreviver, esperando-se um pouco de animação no Paranaense que inicia hoje.
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