Nem a derrota do Coritiba na rodada passada, nem o desgaste do Atlético com a viagem para Pelotas devem atrapalhar o primeiro clássico Atletiba do ano.
A natureza do jogo mais charmoso do futebol paranaense supera tudo. A cada reedição ele apresenta uma novidade para o torcedor.
Trata-se de uma partida diferente.
O embate é carregado de simbolismos, tradições e, sobretudo, intensa rivalidade entre as torcidas.
Portanto, está acima das questões físicas, táticas e técnicas. O que decide é o fator emocional. Por isso, a equipe melhor preparada no lado psicológico acaba levando vantagem no encontro.
Em torno do Atletiba gira uma corrente de paixão despejada diretamente das arquibancadas para os jogadores dentro do campo. Quem não vibra, não vence.
Numa época em que cresce a incidência de palavras como maniqueísmo, simplismo e reducionismo para se referir a certos debates nas redes sociais ou nos pontos de encontro tradicionais, esse jogo especial agita e divide Curitiba e o Paraná.
Por definição, a palavra debate implica na troca de ideias em que se alegam razões pró ou contra, com vistas a uma conclusão.
Em se tratando de Atletiba não tem disso. Cada um tem a sua opinião e não abre mão da absoluta fidelidade ao seu time de coração.
Atletiba é o jogo. E ponto final.
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Efabulativo: 1968 foi o ano dos Atletibas eletrizantes. Foi o ano da virada definitiva do futebol paranaense do amadorismo marrom para o profissionalismo.
Os jogadores deixaram de defender os clubes em troca de empregos públicos por salários compatíveis com o mercado que se abria.
Na revolução iniciada pelo presidente Jofre Cabral e Silva, um dos novos contratados pelo Atlético foi o ala direito Pardal, irmão do quarto zagueiro Cláudio Marques que se tornou ídolo do Coxa.
Cansado de tanto trabalhar, um dos médicos do Furacão chegou em casa tarde da noite, nem bem deitou e o telefone tocou. Ele deu um sinal para a mulher e pediu:
- Querida, pergunte quem é e diga que eu ainda não cheguei.
Meio sonolenta, a mulher entendeu o que o médico desejava e informou que o marido ainda não havia chegado em casa.
- Minha senhora, aqui fala o Pardal. Sou jogador do time em que seu marido trabalha e não consigo dormir. Estou com conjuntivite e preciso de um remédio.
Morto de sono e sabendo que conjuntivite não mata ninguém, o marido foi dando instruções que a esposa ia transmitindo ao jogador:
- Faça como estou lhe dizendo que vai ver como o senhor melhora.
- Muito obrigado dona, mas antes que eu siga as suas instruções me diga, por favor, se esse sujeito que está aí na cama com a senhora entende alguma coisa de medicina?
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