A farsa vem a ser o único gênero de espetáculo em franca ascensão no cenário nacional. Marca presença na vida política, na sociedade, no esporte e mais não acontece por falta de tempo, pois tem tanta coisa que 24 horas tornaram-se pouco para essa enxurrada de notícias ruins.

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Num país de cultura cabisbaixa, a maioria parece ainda não ter tomado conhecimento da crise, tanto que os candidatos populistas continuam liderando as pesquisas de opinião pública.

A farsa floresce por toda parte e o apogeu do gênero deu-se no Atletiba quando o presidente da Federação impediu a realização do clássico para retaliar os dirigentes dos times. O jovem árbitro foi o instrumento usado pelo cartola que praticou um tipo de “baixo cômico”, o máximo de definição que a farsa admite.

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Na verdade ela dispensa o enunciado formal e tira proveito exatamente da ambiguidade que seria o segredo para o sucesso.

Dois atores foram suficientes na farsa do Atletiba que não houve. Dois atores são suficientes para espetáculo trivial tendente ao burlesco, com uma boa margem de improvisação. Ridículo, arremedo, imitação, impostura – os principais ingredientes do cotidiano da vida nacional – encontram na pantomima a medida para todas as ocasiões.

A farsa não tem nem quer ter a responsabilidade social e política da sátira, que castiga os costumes fazendo rir. Não questiona valores, pois não pretende mais do que o riso fácil. Inconsequente dispensa procura de qualquer sentido acima das aparências.

O presidente da Federação Paranaense de Futebol realizou-se no improviso do desrespeito ao público pagante sem ambicionar reconhecimento de valor artístico. Ficou satisfeito em decepcionar cerca de 25 mil pagantes com a leveza do improviso e da surpresa geral com os efeitos de verdadeiro caco teatral de mau gosto.

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Esse episódio abriu uma semana de declarações infelizes de senadores e deputados, atitudes condenáveis no panorama político e decisões lamentáveis na gestão do futebol.

Os cartolas decidiram proibir a realização de jogos na grama sintética da Arena da Baixada e de clubes programarem jogos fora dos seus estados.

Na primeira, foi mais uma estocada do notório Eurico Miranda contra Mario Celso Petraglia; na segunda, uma punhalada do mesmo Eurico contra o Flamengo que, no abandono do Maracanã, tem usado os elefantes-brancos da Copa em Brasília, Natal, Cuiabá e Manaus.

Tudo que envolve a política, seus compadres e seus interesses mesquinhos é assim. O Brasil não evolui por causa dessa gente.

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A farsa não é um gênero didático. Não tem outra razão exceto provocar riso, mas riso grosso. Não quer melhorar os costumes.