Domingo é dia de Atletiba na pequena, porém aconchegante Vila Capanema, com os times atravessados na classificação do campeonato: enquanto o Furacão tenta se segurar no lucrativo G4, o Coxa luta para evitar a temível ZR. Um Atletiba oblíquo sob todos os aspectos, já que nem mesmo certo favoritismo pode ser concedido ao anfitrião que, em quarto lugar, jogará com o 15.º colocado, mas necessita desesperadamente da vitória porque vem de duas derrotas onde sofreu seis gols e marcou três, comprometendo o conceito do seu sistema defensivo. O visitante, sim, pode ser apontado como azarão, já que vem de duas derrotas com cinco gols sofridos e nenhum marcado. O que vier para o Coritiba será considerado lucro nesta altura dos acontecimentos.
Péricles Chamusca estreou, viu o time recheado de carências e nem mesmo a dupla Robinho/Alex, que voava em campo nas primeiras rodadas, conseguiu equilibrar as coisas diante do esforçado Flamengo. Germano, a novidade do time coxa-branca, acabou expulso e ficará de fora do clássico, mas há esperança nos retornos de Deivid e de Geraldo, aquele que só acende a luz quando vê o Atlético pela frente.
Vagner Mancini transferiu para a arbitragem a responsabilidade pela derrota, argumentando que os jogadores ficaram nervosos ao ponto de registrar duas expulsões que desmontaram a zaga para o clássico. O árbitro errou feio na penalidade máxima não assinalada quando Ramiro agarrou Éderson no começo da partida, mas os jogadores se desestabilizaram emocionalmente porque entraram na pilha de Kleber e Vargas, dois provocadores de mão cheia. Faltou picardia aos beques atleticanos.
O problema real foi de ordem técnica, tendo em vista nova jornada menor de Paulo Baier e Everton que também estiveram mal na goleada para o Vitória. Eles representam a inteligência da equipe e, nos dois jogos perdidos, em vez de tentar melhorar o rendimento da meia-cancha o treinador substituiu os atacantes. Não adiantou nada, pois a bola continuou não chegando na área e o Furacão levou perigo ao Grêmio apenas no lance em que Éderson driblou o goleiro Dida e Rhodolfo evitou o gol.
Qualquer tipo de análise prospectiva que se pretenda fazer em torno do Atletiba torna-se inócua tendo em vista o momento técnico turbulento das equipes que jogaram enviesadas nas duas últimas rodadas.
O belíssimo toque de bola, velocidade e objetividade que caracterizaram o Furacão na virada história sobre o Flamengo ficaram no Maracanã. Frente ao Vitória e o Grêmio o que se viu foi um time emocionalmente conturbado e tecnicamente ineficiente. Muita coisa terá de ser feita até domingo.
O Coritiba, que mesmo não jogando bem vinha sendo salvo pela genialidade de Alex, ultimamente tem encontrado maiores dificuldades para evitar as derrotas. Mas nada como um triunfo no clássico para zerar a lousa.