Enquanto Romário pode chegar aos mil gols no clássico hoje, o Palmeiras comemora a conquista de um título de 1951.

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Ou seja, correr atrás da glória faz parte da natureza humana e funciona como imprescindível combustível para a própria vida.

Não fosse o orgulho de perfilar ao lado dos maiores artilheiros de todos os tempos e Romário já teria pendurado as chuteiras. Mas não. Alimentado pela doce ilusão dos tabus do esporte, os mil gols passaram a representar o objeto de desejo do mago da grande área e, do alto de seus 41 anos de idade, ele mostra saúde privilegiada para correr atrás da bola.

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E a atração lúdica do futebol levou o Palmeiras a reivindicar um título de 56 anos atrás.

Para aplacar a tristeza pela derrota na final da Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã, foi organizado um torneio internacional no Brasil que recebeu o nome de Copa Rio.

Reuniu o Palmeiras, campeão paulista; o Vasco da Gama, campeão carioca e mais seis clubes campeões em seus países.

No grupo do Maracanã, jogaram Vasco da Gama, Nacional do Uruguai, Sporting e Viena, da Áustria; no grupo do Pacaembu, jogaram Palmeiras, Nice da França, Estrela Vermelha da Iugoslávia e Juventus da Itália.

Nas semifinais, o Palmeiras eliminou o Vasco e a Juventus eliminou o Viena. Nas finais, o Palmeiras venceu a Juventus por 1 a 0 no Pacaembu e empatou em 2 a 2 no Maracanã, ficando com o título.

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Os destaques do time paulista, dirigido pelo técnico argentino Cambon, que havia trabalhado no Atlético Paranaense, eram o volante Luis Villa e o ataque arrasador com Lima, Ponce de Leon, Liminha, Jair e Rodrigues.

Só agora a Fifa reconheceu o título e autorizou o Palmeiras a colocar em sua camisa a estrela vermelha que distingue os clubes campeões mundiais.

É o resgate da memória do futebol brasileiro que anda em péssimo estado, como de resto toda a qualidade de ensino no país. Mas, pelo menos, a memória futebolística pode melhorar.

Basta que nós, jornalistas, insistamos na recordação de fatos e na exaltação daqueles que fizeram a glória do esporte. Ao contrário do que existe nos países do Primeiro Mundo, nos quais os principais jornais publicam, diariamente, notícias e acontecimentos do passado com farto material fotográfico, por aqui quase só se dá importância aos fatos do momento.

Esse título resgatado pelo Palmeiras deveria ser acompanhado de uma exposição retrospectiva do time, dos craques e dos demais personagens da época.

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E o mesmo deveria acontecer com os mil gols de Romário, promovendo-se o encontro dele com Pelé para que ficasse eternamente registrado na história o feito desses craques geniais.

É preciso fazer alguma coisa neste país de semi-analfabetos, já que em matéria de memória esportiva, estamos numa fase comparável à da tradição oral, quando os heróis e seus feitos passavam de geração para geração, na forma de poemas e lendas.