No passado, o famoso center-half – invariavelmente com a camisa 5 e comandando as ações entre a defesa e o ataque – era o maestro no gramado. Bauer foi o maior símbolo de centro-médio, pela estatura, elegância e toque na bola. Era lento, mas Gérson também não foi exatamente um velocista e cadenciava o jogo como ninguém, com lançamentos precisos e arremates certeiros.

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Entre um e outro, o futebol brasileiro aplaudiu Zito, Didi, Dequinha, Roberto Bellangero, Zequinha, Lima, todos com muita categoria. Categoria que distinguiu a dupla do Palmeiras na Academia – Dudu e Ademir da Guia –, na mesma safra de Clodoaldo, Roberto Dias, Dirceu Lopes, Carpegiani, Falcão, Cerezzo, Andrade e outros que se consagraram como verdadeiros donos do meio-de-campo.

No futebol paranaense tivemos Tonico, depois Bequinha e Guimarães no Coritiba; Ferreira, no Ferroviário: Joaquim, no Atlético; Hugo, no Jacarezinho; Oscar, no Guarani; Botina, na Cambaraense; Jango, depois Hélio Silvestri no Operário; Dimas, no Rio Branco; Berto, no Londrina; Haroldo, depois Zuringue, no Grêmio Maringá, médios que marcaram época porque jogaram o fino da bola.

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Com o passar do tempo os técnicos criaram uma regra inquebrantável até os dias de hoje: aquele jogador de meio-de-campo, ou aqueles jogadores, os dois que passaram a ser chamados de volantes, teria ou teriam, dependendo do grau da retranca, a função única de defender, de marcar, de não deixar jogar. Um ou dois autênticos zagueiros à frente de outros zagueiros congestionando a entrada da área. E estabeleceu-se que esse jogador e essa função seriam definitivos e eternos.

Dos craques com estilo, passamos a ver atuando na posição jogadores rústicos como Chicão, Caçapava, Batista, Elzo, Dunga – o sumo sacerdote dos cabeças-de-área –, Émerson e outros menos votados. Ou já esquecidos.

Mas surge uma luz no fim do túnel, e não é do trem. Depois do advento desta mentalidade, os técnicos passaram a acreditar novamente no futebol ofensivo e na força do ataque e estão procurando cabeças-de-área que saibam jogar.

Tomara eles influenciem os treinadores das categorias de base e, em vez da famosa pegada, voltem a ensinar aos garotos os fundamentos da boa técnica, do domínio da bola, de jogar com a cabeça erguida para os passes com precisão e os lançamentos em profundidade, coisas raras no futebol de hoje em dia.

Nem tudo está perdido, com o aparecimento de Josué e Mineiro, que marcam bem e saem para o jogo com qualidade técnica, ou a revelação Lucas, do Grêmio, e por aí afora.

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Não deixa de ser reconfortante saber que, talvez, em pouco tempo o futebol esteja livre desse tipo de jogador que só sabe cometer faltas na tentativa de desarmar o adversário, ou roubar a bola, como se diz no jargão popular.