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Calendários, nunca a hu­­manidade pôde dispensá-los. Desde a época dos ro­­manos, a quem devemos o nome, que acrescentaram seu complicador à crônica irregularidade do ano. Para os romanos as calendas eram sempre o primeiro dia do mês; já para os idos, eram o dia 15 em alguns meses e 13 em outros. Sendo essas as duas únicas referências para se datar os demais dias.

Veio o cristianismo, e os ca­­lendários tiveram mais uma oportunidade: indicar as festas da Igreja Católica, que ritmavam a vida ao longo do ano; assim como ao longo do dia ritmavam-na, nas aldeias, as horas canônicas – os tempos do dia, em que os monges eram convocados pelo sino ao coro, para cumprir o que se chamou de ofício divino.

O tempo ainda não tinha ad­­quirido o significado econômico que viria com o comércio das feiras medievais, dos burgos que fo­­­ram se emancipando e com as viagens a que obrigava o abastecimento de tal comércio. Logo os calendários ficaram populares, transformados em agendas de débitos a vencer, de créditos a reclamar, de provisões periódicas a se formar.

A sociedade entre comércio, religião, dinheiro e calendário se tornou tão forte que até hoje as empresas costumam dar elegantes calendários de mesa de brindes de Natal. As borracharias oferecem folhinhas adornadas por exuberantes mulheres nuas.

E o futebol não passou incólume. Desde o início as partidas foram marcadas de acordo com uma distribuição conhecida por tabela e, mais adiante, vieram os calendários anuais dos países e continentes.

Pois bem. Discute-se no Brasil a necessidade de adaptação do calendário do futebol ao europeu, não só para coincidir com a abertura das janelas de contratações, mas com as Copas do Mun­­do, América, das Confe­­de­­rações e as Olimpíadas.

Como o futebol brasileiro vi­­veu bagunçado durante décadas, com campeonatos superpostos, inchados e até com 100 times com repescagens e decisões que terminavam no tapetão, não será novidade qualquer mudança.

Alguns alegam que os clubes correm o risco de perder a receita da bilheteria durante os meses de verão, quando a maioria prefere passar as férias na praia ou viajando. Mas os clubes já abriram mão dessa fonte de renda ao aceitarem a programação de jogos às 10 horas da noite.

Outros afirmam que os estaduais correm o risco de acabar. Mesmo deficitários, eles não precisam acabar. Basta que sejam incluídos no novo calendário como o terceiro torneio do país. Isso acontece na Inglaterra, por exemplo, que tem o Campeonato Inglês, a Copa da Inglaterra e, um torneio que reúne os times menores, chamado de Copa da Liga Inglesa.

O importante não é o calendário, mas a forma absurdamente amadora como continuam sendo dirigidos todos os clubes do futebol brasileiro. Eles dependem, basicamente, das verbas pagas pela televisão, dos patrocínios e da venda de jogadores para o exterior.

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