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O nosso idioma é famoso por algumas coisas esquisitas. Por exemplo, soa estranho dizer "pois sim" ao negar alguma coisa e dizer "pois não" ao aceitar alguma coisa.

Confesso que há certas expressões da língua portuguesa que nunca consegui entender direito. Céu de brigadeiro, por exemplo.

Céu de brigadeiro é aquele dia maravilhoso, sem uma nuvenzinha sequer, ensolarado, sem vento ou, no máximo, com uma leve brisa. Será que essa definição está certa? É apropriada? Em teoria, num céu desses qualquer um, que de brigadeiro só conhece o doce de chocolate, voa tranqüilo.

Para mim, céu de brigadeiro deveria ser exatamente o contrário. Tempo borrascoso, céu escuro, tomado por cúmulos-nimbos pesados de água e gelo, moedores de aviões, com ventos fortes, tufões, rajadas em tesoura, raios e relâmpagos à vontade. Enfim, um céu tão complicado que, para enfrentá-lo com êxito, seria necessário alguém com a destreza e a experiência que se deveriam esperar de um autêntico brigadeiro, de uma verdadeira águia no ar.

Entrando no futebolzinho nosso de cada dia, o tempo não anda nada bom para a dupla Atletiba.

Chuvas e trovoadas marcaram o primeiro trimestre de Atlético e Coritiba, tão cheios de planos e otimismo na virada do ano. Desperdiçaram três meses com experiências de toda sorte, algumas extravagantes para o gosto popular.

O Coxa saiu de uma eleição conturbada, montou nova diretoria para o departamento de futebol, contratou mais de uma dúzia de jogadores, trocou de técnico e deu com os burros n’água, eliminado da Copa do Brasil e do Campeonato Paranaense.

O Furacão, que nos últimos cinco anos só foi campeão uma vez - em decisão nos pênaltis contra o Coritiba -, manteve a política de contratar jogadores medianos em grande escala e apostou alto na importação do técnico Lothar Matthäus. Foi um furor em termos de marketing. Na prática, porém, o que se viu foi muita espuma e pouco futebol.

De repente, ele foi embora. Será que o alemão fugiu só para não pagar a conta do telefone?

A dupla Atletiba deve recompor-se, emocional e administrativamente, para não dar vexame no Campeonato Brasileiro que se aproxima.

Ambos precisam de tranqüilidade, inteligência e competência para a recuperação e, sobretudo, de melhores jogadores para atender aos anseios de suas grandes torcidas.

Quem está vivendo céu de brigadeiro é o Paraná, finalista e com favoritismo quase absoluto para a conquista do título depois de 9 anos na fila.

A Adap, de Campo Mourão, tentará quebrar o serviço hoje, pois o Paraná jogará a primeira partida em campo neutro e a segunda em casa.

Melhor do que isso, só brigadeiro de chocolate como sobremesa.

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