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Quanto mais tempo vivemos, mais céticos ficamos. Os parentes, os amigos e as pessoas com as quais cruzamos nas ruas, nos estádios, nos parques, nos shoppings vão partindo e nós vamos morrendo aos poucos. Um dos fatos mais interessantes do nosso dia a dia, a que quase não damos atenção, é a presença dos ciclos. Os ciclos estão por toda parte, são uma espécie de código genético da realidade.

A nossa tradição ocidental quis fugir disso. Gostamos de pensar num progresso indefinido, o que tem a ver com a escatologia cristã, onde Jesus Cristo retorna glorioso no fim dos tempos. Mas isso funciona no plano metafísico. No dia a dia, ficamos numa ideia mecânica de progresso, conforto e realizações pessoais. Os avanços da ciência e tecnologia também trabalham nessa direção, porque a ciência é cumulativa, e melhora sempre – às vezes, dá saltos espetaculares.

Mas as coisas são mais complicadas do que isso. Um ciclo de que somos obrigados a tomar consciência, por exemplo, é o da nossa performance biológica. Milagre nenhum da ciência será capaz de obscurecer o fato de que temos idades bem distintas – infância, juventude, maturidade, velhice. Iludido é aquele que alimenta o sonho da juventude eterna.

A chance de que isso aconteça é zero, pois o organismo tem a sua própria história, e o ser humano não é capaz de recriar-se a si mesmo. E é bom que seja assim, pois o prolongamento indefinido desta nossa vida terrena seria uma coisa estranhíssima. Ninguém aguentaria repetir, séculos afora, os mesmos gestos, as mesmas necessidades físicas ou psicológicas.

Por isso a natureza é sábia na sua eterna mutabilidade. Se assim é na natureza, o mesmo na política, e em outros planos da vida humana. Políticos se fazem e se desfazem, ao sabor dos seus erros e acertos.

Os ciclos da vida mostram que um líder, um partido político, um administrador público ou privado, ascende até o auge da glória; mas, num determinado momento, o seu talento parece abandoná-lo, e ele embarca num desastre atrás do outro. Basta observar a sucessão de desastres do governo brasileiro com evidente fadiga de material nos últimos anos.

A renovação é fundamental em qualquer tipo de atividade. Nem as grandes figuras da história – como Julio Cesar, Napoleão, Lincoln, Mussolini, Hitler, Churchill e outras personalidades –conseguiram escapar dos ciclos. Eles deslumbraram o mundo, primeiro com seus talentos militares, políticos ou carisma pessoal, depois com a capacidade de governo, a liderança incontestável até a queda.

No futebol não é diferente. O presidente de um clube faz coisas importantes, constrói estádio, centro de treinamentos, conquista títulos de campeão e proporciona alegria e satisfação aos torcedores. Mesmo assim, sendo mortal como nós, não consegue escapar da lei cíclica.

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