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Há muito tempo o Atletiba deixou de ser um mero jogo de futebol transformando-se em componente cultural da civilização paranaense.

Em um estado relativamente novo, que após a sua emancipação política – em 1853 – passou muitas décadas com dificuldade de integração política, social e econômica, o clássico futebolístico entre os dois principais times passou a integrar a própria história do Paraná.

A colonização desordenada do interior fez com que a Região Norte fosse dominada pela influência mineira e paulista e a Região Oeste pela influência cultural gaúcha. Restaram as originais raízes paranaenses a partir de Paranaguá até os campos gerais de Ponta Grossa e Guarapuava, a Oeste; União de Vitória e Palmas, ao Sul; e até os limites de Jacarezinho, no Norte pioneiro.

O futebol tomou conta das massas no começo do século passado e não foi diferente em Curitiba até que, à partir de 1925, passou a ser disputado o jogo entre Coritiba e Atlético. Desde o primeiro confronto iniciou-se a rivalidade, cada vez mais intensa entre as torcidas, com os atleticanos chamando o Coritiba de "Clube dos boches", referindo-se a sua origem alemã e os coritibanos chamando o Atlético de "Clube Pó-de-Arroz", ironizando os trajes e os modos da elite da época.

Apinhados nas antigas arquibancadas de madeira nos Atletibas dos primeiros tempos, os torcedores cantavam quadrinhas populares.

Diziam os coxas:

O almofadinhaCome tripa de galinhaVai dizer à namoradaQue comeu macarronada

Repicavam os atleticanos:

Atrás daquele morroNasceu um pé de mamãoJogar com o CoritibaÉ combater alemão

A integração do Paraná deu-se, através dos tempos, das mais diversas formas, porém nenhuma com ligação mais direta do que a promovida pelo futebol.

Primeiro, foram as decisões do título estadual entre os campeões do Sul e da Região Norte, a partir de 1959, até que em 1966 houve a unificação e a criação de um único Campeonato Paranaense de Futebol.

Tudo graças a inauguração da Rodovia do Café, em 1965, estrada asfaltada que ligou o Sul ao Norte permitindo o acesso e a integração de todo o estado.

Como o futebol mexe com o povo, em pouco tempo os habitantes do Norte e, pouco mais tarde, do Oeste começaram a se interessar pelo noticiário esportivo do Sul e vice-versa.

Nasceram os clássicos regionais, como o do Café, entre Londrina e Maringá; o do Algodão, entre União Bandeirante e Matsubara; e o da Soja, entre Cascavel e Toledo.

Na capital, o chamado Trio de Ferro – Coritiba, Atlético e Ferroviário, depois Colorado e atual Paraná – promovia os clássicos e o Atletiba sempre teve o seu charme especial.

Donos das maiores torcidas e detentores do maior número de títulos, Coritiba e Atlético sempre promoveram grandes festas populares. O Atletiba tem a cara de Curitiba e da autêntica tradição paranaense.

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