A Vila Capanema, mesmo com o mau estado em que se encontra o gramado, será palco do clássico entre Paraná e Atlético pelo Campeonato Brasileiro.
É uma pena que o campo esteja ruim, pois ele já foi o melhor tapete para a prática do futebol nos velhos e bons tempos do Ferroviário. Mas era a época de Hipólito Arzua na presidência, Ronald Osti Pereira na superintendência e o incansável Zé cuidando da grama, onde a bola rolava macia para fazer a alegria da torcida boca-negra na conquista do bicampeonato paranaense 65/66.
O tempo passou, o Ferroviário virou Colorado e, finalmente, Paraná na parceria com o Pinheiros, que havia sido Água Verde; novos títulos vieram; a Vila ficou maior, mas o campo anda mal cuidado.
O piso é fundamental para a prática do futebol que, como se sabe, é o mais democrático dos esportes.
O craque pode ser baixinho como Maradona ou Romário; alto como Sócrates ou Van Basten; elegante como Falcão ou Beckenbauer; bonito como Kaká ou Beckham; aparentemente desajeitado como Cerezzo; preciso como Di Stéfano ou Gérson; diferente como Puskás ou Rivelino; mortal como Ronaldo ou Paolo Rossi; perfeito como Pelé; ou torto como Garrincha. Não há outro esporte que abrigue tanta diversidade.
Mas o futebol exige gramado bom. Para que se desenvolva o bom futebol, é claro.
Tirante a reclamação dos próprios jogadores paranistas pelas ondulações do campo, resta saber se os times vão jogar em busca do gol e se o árbitro Heber Roberto Lopes estará inspirado para apitar direito.
Do lado de Pintado, muito tem se falado sobre uma provável saída do artilheiro Josiel, o que seria desastroso para a equipe. Bem, talvez nem tanto, já que o Paraná tem revelado impressionante capacidade de renovação de peças sem perda de qualidade e eficiência.
Do lado de Antônio Lopes, encantamento um pouco exagerado pela atuação do time contra o Palmeiras. Antes da avalanche de loas ao médio-volante Valencia, que precisa mostrar mais futebol para merecer tantos elogios do técnico, e de outros que se destacaram, é importante reconhecer que, antes de o Atlético fazer 1 a 0, o adversário quase fez dois ou três gols, evitados por excelentes defesas do goleiro Guilherme e pela trave, na sempre providencial intervenção do Sobrenatural de Almeida, criação imortal de Nélson Rodrigues.
O clássico de sábado servirá de teste para muitas coisas que andam acontecendo nas duas equipes. No Paraná, a prova definitiva da sustentação defensiva e da volta do sistema ofensivo que o distinguiu nas primeiras rodadas do campeonato. No Atlético, também a prova definitiva de que o setor defensivo encontrou a fórmula e, sobretudo, de que existe vida inteligente no meio-de-campo sem Ferreira.
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