Domingo de Páscoa, dia de comemorar com a família e os amigos em torno de uma mesa farta. É dia de coisas boas, com destaque aos ovinhos de chocolate que fazem a alegria da criançada.

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O almoço de Páscoa deve ser coisa de gourmet e mesmo de glutão de certo gosto, esperando-se que não tenha ideias estreitas. De nada adianta dizer que se come bem e muito se o objeto do prazer à mesa é uma cozinha de um sotaque só.

Nada se opõe mais à ideia da boa gula do que qualquer traço de xenofobia – o horror a cultura de fora –, que é a maior inimiga das artes da mesa e do convívio.

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O pontapé inicial foi dado na Sexta-Feira Santa com a santíssima bacalhoada com sotaque lusitano. Todos sabem que o legítimo bacalhau é o "Cod Gadus Morhua" pescado no Atlântico Norte, na costa da Noruega e Groelândia. O seu mais próximo semelhante é o "Cod Gadus Macrocephalus", popularmente conhecido como Porto, muito saboroso e, pela variação de preço, o mais consumido entre nós.

Os mais baratos são o Ling, Zarbo, Saithe e outros devidamente salgados e secos para chegar aos consumidores.

Trata-se de pesca corajosa em águas frias e difíceis com tempestades, nevoeiros e icebergs que exigem muita perícia dos bravos pescadores portugueses.

Em nosso grupo de cozinheiros e comensais, com cabeças coroadas da gastronomia paranaense nos preparando o que existe de melhor, o advogado Guilherme Rodrigues arrebatou a todos em uma das últimas reuniões.

Respeitado expert de vinhos portugueses – ele é convidado a visitar vinícolas de Portugal diversas vezes por ano –, Guilherme preparou línguas de bacalhau. Imaginem só, para quem nunca havia sequer visto cabeça de bacalhau, a oportunidade de experimentar língua, e em breve ele promete apresentar as bochechas do peixe.

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Nunca ninguém pôs em dú­­­vida a arte excelsa dos familiares nem as glórias do torrão natal de cada um, em ma­­­té­­­ria de forno e fogão.

Os franceses, apesar de chauvinistas quando se trata de queijo, são cosmopolitas a toda prova quando se trata de descobrir novas receitas. Os melhores restaurantes franceses são de nível gastronômico alto e abrem espaço para os regionalismos chamando degustadores de fora dispostos a proclamar-lhes as virtudes. Quem garantiria o emprego dos grandes chefs se o cosmopolitismo não fosse estimulado pelo marketing?

Bem, a conversa está boa, comecei a ficar com fome e é melhor parar por aqui, porque hoje é dia de clássico. E clássico de casa cheia, já que a torcida atleticana promete fazer a festa e empurrar o time na Arena da Baixada.

O Paraná, eliminado na Copa do Brasil e com chances reduzidas no campeonato estadual, entrará em campo para tentar cortar o embalo do Furacão e fazer novas avaliações da equipe para os desafios futuros. Favorito, o Atlético só não pode decepcionar sua calorosa massa torcedora.

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